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Geral
04/12/2025 16:00:00

Alerta de agências brasileiras sinaliza influência estrangeira na política latino-americana

Relatório interno da Abin revela preocupações sobre intervenções internacionais na região

Alerta de agências brasileiras sinaliza influência estrangeira na política latino-americana

Relatório confidencial elaborado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) alerta para o crescimento do crime organizado transnacional, somado a fragilidades institucionais e à influência de forças externas, que ameaçam a soberania dos países latino-americanos.

A análise destaca que essas vulnerabilidades podem abrir espaço para ações justificadas pelo combate ao narcoterrorismo, sob o pretexto de segurança regional. A principal missão da Abin consiste em fornecer ao presidente informações estratégicas essenciais para a tomada de decisões, envolvendo temas como segurança fronteiriça, tráfico de drogas, terrorismo, além de atuar em operações sigilosas e na área de contraespionagem.

O documento afirma que a América Latina enfrenta pressões por alinhamentos políticos e permanece vulnerável às interferências de potências estrangeiras, que exploram as fragilidades internas, como dissidências políticas e o fortalecimento do crime organizado. Essas ações, justificadas por interesses de segurança, ameaçam a autonomia e a autodeterminação dos governos regionais.

Embora o relatório desclassificado não citasse explicitamente a Venezuela e os Estados Unidos, fontes próximas à agência revelaram que há preocupações internas na Abin acerca dos movimentos de Washington. A corporação manifestou, de forma reservada, às autoridades do Palácio do Planalto, receios relacionados às estratégias de influência dos EUA na região. Além da Abin, a Polícia Federal também compartilhou essa avaliação de forma reservada com o presidente Lula, indicando que há suspeitas de interesses financeiros americanos por trás de operações militares na América Latina, que visam fortalecer a presença dos EUA na região.

O documento também sugere que episódios recentes de tensão interna, relacionados à disputa por recursos estratégicos e movimentações militares de nações estrangeiras, têm sido agravados pelos esforços dos Estados Unidos. Nos últimos meses, Washington realizou ataques a embarcações no Caribe, atribuídos ao crime organizado, e aumentou a pressão sobre a Venezuela, com declarações de que ações terrestres poderiam ocorrer em breve, incluindo críticas ao governo de Nicolás Maduro e acusações de narcoterrorismo.

A Abin reforça que a integração regional e a cooperação em governança podem ser estratégias eficazes para diminuir vulnerabilidades, equilibrar o poder diante de influências externas e fortalecer as respostas às ameaças transnacionais. Adicionalmente, o relatório aponta para o risco de militarização indireta de áreas sensíveis, como a Amazônia, sob o argumento de proteger recursos naturais estratégicos.

O aumento do crime organizado em regiões como a Amazônia, o Atlântico Sul e na tríplice fronteira — que engloba Brasil, Argentina e Paraguai — também é destacado, indicando que atores externos podem intensificar suas ações nesses pontos estratégicos devido ao crescimento do mercado ilícito.