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América Latina
04/12/2025 06:00:00

Venezuela reinicia operações de voos de repatriamento após declarações de Trump sobre bloqueio aéreo

Retorno dos voos ocorre após autorização do governo Maduro, mesmo com tensões crescentes na aviação civil venezuelana

Venezuela reinicia operações de voos de repatriamento após declarações de Trump sobre bloqueio aéreo

Na tarde desta quarta-feira (3), o Aeroporto Internacional Simón Bolívar, principal terminal aéreo da Venezuela, recebeu uma nova missão de repatriação de venezuelanos deportados pelos Estados Unidos.

Este foi o 76º voo realizado desde fevereiro, quando as operações começaram sob a administração Trump. O avião, operado pela companhia americana Eastern Airlines, aterrissou por volta das 18h15 (horário de Brasília), trazendo 266 cidadãos venezuelanos de volta ao país.

Este desembarque ocorre em meio a um cenário de instabilidade na aviação venezuelana, agravado por ameaças recentes de Washington. O ministro das Relações Exteriores, Yván Gil, esteve presente na recepção e afirmou aos jornalistas que a Venezuela sofre com diversas agressões e ações hostis.

No último final de semana, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, publicou nas redes sociais que companhias aéreas, pilotos e traficantes de drogas deveriam considerar a possibilidade de um fechamento total do espaço aéreo sobre a Venezuela. Em resposta, o governo de Nicolás Maduro denunciou a medida como uma invasão à sua soberania.

Na nota divulgada no sábado (29), o governo venezuelano declarou que essa decisão unilateral de Washington suspendeu os voos semanais que enviavam migrantes venezuelanos deportados.

Na terça-feira (2), Caracas confirmou que a Casa Branca solicitou permissão para retomar os voos de deportados venezuelanos ao país, uma solicitação aprovada após análise. A declaração oficial destacou: “O ingresso de aeronaves operadas pela Eastern Airlines em nosso espaço aéreo foi autorizado. Esses aviões podem pousar no Aeroporto Internacional de Maiquetía, como já ocorre regularmente às quartas e sextas-feiras, conforme o acordo estabelecido entre o governo venezuelano e a administração dos EUA.”

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, reagiu à declaração de Trump classificando-a como ilegal e alertou que as companhias aéreas colombianas poderão ser sancionadas caso as operações sejam suspensas novamente. Ele afirmou em sua conta na rede social X:

“Se as empresas se recusarem a cumprir seus compromissos, deverão ser penalizadas.” Na segunda-feira (1º), Petro anunciou a retomada dos voos civis entre Colômbia e Venezuela, reforçando o convite para que outros países façam o mesmo. Ele declarou: “Colômbia reestabelece a conexão aérea com a Venezuela e convida o mundo a seguir o mesmo caminho.

Chegou o momento do diálogo, não da barbárie.” Por outro lado, o governo brasileiro mantém uma postura neutra diante da crise na aviação venezuelana. Quando questionado sobre a ausência de uma posição mais firme, o chanceler Yván Gil comentou que a rejeição ao anúncio de Trump foi unânime entre todos os países, ressaltando que nenhum Estado aceita que uma autoridade de fora governe seu espaço aéreo.

Ele garantiu que essa é a postura oficial do Brasil. Apesar de o espaço aéreo venezuelano seguir oficialmente aberto, o movimento no Aeroporto de Maiquetía diminuiu consideravelmente. Desde 21 de novembro, quando a Administração Federal de Aviação dos EUA emitiu um alerta de risco para a região, várias companhias aéreas suspenderam seus voos com destino ou origem em Caracas.

Como consequência, o governo Maduro revogou as licenças de seis empresas aéreas, incluindo a brasileira Gol.