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Tragédia
03/12/2025 06:00:00

Desastres Hidrológicos Devastam o Sul da Ásia, Com Mais de Seiscentas Vítimas fatais

Intensas precipitações desencadeiam inundações e deslizamentos, levando ao desaparecimento de centenas de pessoas e a uma crise humanitária na região

Desastres Hidrológicos Devastam o Sul da Ásia, Com Mais de Seiscentas Vítimas fatais

Após uma semana de encarniçadas tempestades, as regiões do sul da Ásia enfrentam uma onda de enchentes e deslizamentos que resultaram na morte de aproximadamente 600 indivíduos.

As fortes chuvas, intensificadas por ciclones tropicais, marcaram uma das temporadas mais severas dos últimos anos, afetando milhões de residentes na Indonésia, Malásia, Tailândia e Sri Lanka.

A precipitação começou na quarta-feira (26/11) na ilha indonésia de Sumatra, onde testemunhas relataram que, durante o pico das enchentes, “tudo desapareceu sob a água”, conforme depoimento de um morador de Bireuen, na província de Aceh, à agência Reuters. “Tentava salvar minhas roupas, mas minha casa simplesmente desabou.”

O número de vítimas continua aumentando devido ao grande número de desaparecidos, com milhares ainda isolados e aguardando resgates enquanto ficam presos em telhados elevados. Até o sábado, a Indonésia confirmou mais de 300 mortes, enquanto a Tailândia anunciou 160 fatalidades; a Malásia também reportou perdas humanas.

No Sri Lanka, atingido por um ciclone raro, as autoridades confirmaram mais de 130 falecimentos e aproximadamente 170 pessoas ainda estão desaparecidas. O fenômeno, nomeado Ciclone Senyar, foi responsável por ocasionar deslizamentos de terra e inundações catastróficas, que destruíram casas e submergiram milhares de construções em ambos os países.

Segundo dados da agência de gerenciamento de desastres da Indonésia, quase 300 pessoas continuam desaparecidas na ilha de Sumatra, devido às enchentes que devastaram a região. Moradores relataram que as correntezas eram tão fortes que em poucos segundos chegaram às ruas e invadiram residências, forçando-os a buscar refúgio em locais mais elevados.

Em Sumatra Ocidental, Meri Osman descreveu sua experiência ao ser arrastada pela água até conseguir se segurar em um varal, até ser resgatada. A turbulência dificultou as operações de busca, embora milhares de pessoas tenham sido evacuadas, muitas permanecem isoladas, conforme informou a autoridade local.

Na Tailândia, na província de Songkhla, a água atingiu três metros de altura, causando uma das maiores enchentes dos últimos dez anos, e culminou na morte de pelo menos 145 indivíduos. A cidade de Hat Yai enfrentou uma precipitação recorde de 335 mm em um único dia, o que é o maior volume em três séculos. Os serviços hospitalares tiveram que transferir corpos para caminhões refrigerados após o necrotério ficar lotado, relatou a agência AFP.

Testemunhas locais, como Thanita Khiawhom, relataram que ficaram presos na água por sete dias, sem qualquer assistência de órgãos oficiais, e que após a subida das águas, retornaram apenas para encontrar suas casas completamente submersas. O governo tailandês anunciou planos de assistência financeira, incluindo uma compensação de até dois milhões de baht (US$ 62 mil) para famílias que perderam entes queridos. Na vizinha Malásia, embora o número de mortos seja menor, os estragos são comparáveis.

As enchentes atingiram o estado de Perlis, no norte, deixando várias áreas submersas, resultando na morte de duas pessoas e obrigando dezenas de milhares a procurar abrigo. Já o Sri Lanka enfrenta uma das piores crises ambientais de sua história recente, com mais de 15 mil residências destruídas e cerca de 78 mil deslocados, além de um terço do país sem energia elétrica ou água encanada.

Especialistas apontam que o clima extremo na região provavelmente foi influenciado pela interação entre o tufão Koto, que se formou nas Filipinas, e um ciclone atípico, batizado de Senyar, no Estreito de Malaca.

A temporada de monções, que ocorre normalmente entre junho e setembro, agora apresenta mudanças em seus padrões tradicionais, incluindo maior intensidade, duração prolongada, tempestades mais violentas e chuvas mais volumosas, causando enchentes repentinas e ventos mais fortes. Essas alterações climáticas agravam a vulnerabilidade das populações locais, ampliando a crise humanitária no sudeste asiático.