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Ao longo dos últimos dez anos, a cidade de São Paulo atingiu um recorde preocupante no número de feminicídios, com o maior índice observado nesse período. Entre janeiro e outubro, o município reportou 53 assassinatos relacionados ao gênero, conforme informações da Secretaria de Segurança Pública.
Este número já ultrapassa a soma de toda a quantidade de vítimas femininas mortas no ano anterior, que foi de 51.
Desde 2015, quando o Brasil passou a categorizar crimes de ódio de gênero como feminicídio, essa tendência de aumento tem se tornado cada vez mais evidente.
Manoela Miklos, especialista do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, destaca que esses dados revelam uma questão que vai além da simples punição ao agressor, refletindo também uma problemática cultural enraizada na sociedade. Uma preocupação adicional é a elevada quantidade de casos de estupro na cidade.
No período de janeiro a outubro de 2023, a Secretaria de Segurança Pública oficializou 594 ocorrências de estupro. Além disso, ocorreram mais 98 tentativas de abuso sexual nesse mesmo intervalo, evidenciando uma crise de violência de gênero. Juliana Bertholdi, advogada criminalista e professora universitária, comenta que o problema não reside na falta de legislações específicas contra a violência de gênero, mas na fragilidade das políticas públicas existentes.
Ela acrescenta que o desafio está na implementação e na efetividade dessas ações de combate, que ainda deixam a desejar na proteção às vítimas.
