Nos primeiros dez meses de 2025, a cidade de São Paulo atingiu uma marca inédita de feminicídios, totalizando 53 casos, um incremento em relação ao mesmo período dos anos anteriores, conforme informações da Secretaria de Segurança Pública.
Este número representa o maior registro na década, sendo o mais elevado desde 2015, ano em que a legislação brasileira passou a classificar o assassinato de mulheres por motivo de gênero como crime hediondo.
Segundo os dados oficiais, o total de feminicídios nesse período já supera o total de vítimas fatais de todo o ano de 2024, quando 51 mulheres perderam suas vidas por esse motivo. A especialista Manoela Miklos, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, comenta que tais estatísticas refletem uma questão de fundo cultural, destacando a necessidade de ações que vão além da punição criminal aos agressores.
Além do aumento no número de homicídios, a capital paulista também apresenta uma alta preocupante nos casos de violência sexual. Entre janeiro e outubro, foram registrados 594 estupros, de acordo com a SSP, incluindo 98 tentativas não consumadas.
A advogada e professora de direito penal, Juliana Bertholdi, destaca que o problema não reside na ausência de leis de combate à violência contra a mulher, mas na insuficiência de políticas públicas efetivas para prevenir esses crimes e garantir a proteção às vítimas.