Na última segunda-feira (1º), uma audiência pública abordou a importância das doenças cardiovasculares como a principal causa de óbitos entre mulheres no Brasil e internacionalmente, superando até mesmo os cânceres de mama e de colo do útero.
A iniciativa, promovida pela deputada Rose Davino (PP), buscou alertar para fatores de risco e estimular a implementação de ações sociais preventivas. A parlamentar, que decidiu trazer o tema inspirado por uma experiência pessoal, abriu a sessão contando sua história.
Ela afirmou que, durante um período eleitoral, apresentou sintomas de um infarto, inicialmente confundidos com alergia, devido à sua sensibilidade respiratória. "Foi meu próprio infarto que despertou minha atenção para essa questão. Em plena campanha, sentia dificuldades que achei serem apenas alergias, mas na verdade eram sinais de um problema cardíaco", relembrou.
Rose Davino enfatizou a importância de estabelecer redes de apoio à saúde. "Quando organizamos comunidades voltadas ao cuidado com a saúde, os resultados começam a aparecer. Essa é a etapa inicial para transformar a realidade", explicou.
Além disso, ela é autora de propostas legislativas voltadas ao bem-estar cardiovascular feminino. Uma delas prevê a realização da Semana Alagoana de Conscientização sobre Doenças Cardíacas Femininas, com campanhas educativas, palestras e ações midiáticas que promovam informações e incentivem a prevenção.
Outra proposta visa inserir a avaliação cardiovascular no protocolo de acompanhamento pré-natal no sistema público de saúde, dada a vulnerabilidade do período gestacional, que exige atenção especial ao sistema cardiovascular e pode esconder doenças silenciosas que colocam vidas em risco.
A especialista em Cardiologia pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Dra. Alaíde Mendonça Rivera, alertou para a falta de conhecimento sobre o tema. "Se você desconhece que as doenças cardíacas são a principal ameaça à vida das mulheres e não se dedica à prevenção, como hipertensão, diabetes ou níveis elevados de colesterol, você deixa de valorizar esses fatores de risco", alertou.
Ela destacou uma estatística importante: a expectativa de vida média das mulheres no Brasil se aproxima de 80 anos, e, considerando que a menopausa ocorre por volta dos 55 anos, grande parte da vida dessas mulheres ocorre sem a proteção do hormônio estrógeno, que possui efeitos cardioprotetores. "Isso reforça a necessidade de cuidados contínuos e específicos ao longo de todas as fases da vida", acrescentou.
O deputado e cardiologista Dr. Wanderley (MDB) reforçou o papel do Legislativo na formulação de políticas de saúde preventivas. "Esta reunião é crucial. Precisamos ouvir tanto os especialistas quanto a população comum, para que o governo possa desenvolver estratégias eficazes para melhorar os cuidados, especialmente na prevenção", afirmou.
Ele também comentou sobre a mudança no perfil epidemiológico, relacionando-a ao maior ingresso da mulher no mercado de trabalho. "Antigamente, as mulheres passavam mais tempo em casa, com alimentação mais controlada.
Hoje, elas também enfrentam riscos similares aos dos homens, pois saem para trabalhar e se expõem a fatores de risco. Nesse sentido, a doença cardiovascular tornou-se uma ameaça igualitária, atingindo ambos os sexos, e não podemos ignorar essa realidade", concluiu.
A mesa de honra foi composta pela presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia em Alagoas, Dra. Roberta Nolasco; por Camila Davino, representante da Funbrasil; e pelo cardiologista Marcelo Malta.