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Acidente
02/12/2025 06:00:00

Aumento de 30% na apreensão de armamento militar no Brasil revela preocupações e irregularidades

Levantamento do Instituto Sou da Paz aponta crescimento de armas de uso exclusivo das Forças Armadas, com destaque para o Rio de Janeiro e investigações envolvendo policiais

Aumento de 30% na apreensão de armamento militar no Brasil revela preocupações e irregularidades

De acordo com dados recentes do Instituto Sou da Paz, o Brasil apresentou uma elevação superior a 30% nas operações de apreensão de armas de uso restrito, incluindo fuzis, metralhadoras e munições, entre os anos de 2019 e 2023.

As apreensões passaram de 1.929 há quatro anos para 2.581 neste último levantamento. O estado do Rio de Janeiro lidera essas cifras, refletindo as ações contra o tráfico de armas na região. Durante uma megaoperação que ocorreu no mês passado nos Complexos da Penha e do Alemão, agentes de segurança recolheram 120 armas de diversos calibres, predominantemente de longo alcance.

O resultado foi considerado positivo pelos órgãos de segurança pública. Entretanto, parte dessas armas – pelo menos duas fuzis, um deles do modelo AK-47 – não entrou na contagem oficial. Um dos fuzis, localizado na cozinha de uma residência usada por criminosos, apresentava detalhes em madeira envernizada e foi suspeito de ter sido desmontado e transportado por policiais militares em uma mochila. Na última sexta-feira (28), cinco policiais do Batalhão de Choque foram presos por suspeitas de envolvimento em crimes durante a operação, e um sexto policial foi indiciado.

Além do desvio de armas e objetos, também houve o furto de peças de um veículo pertencente a um morador local. O Ministério Público declarou que esses policiais responderão por peculato e furto qualificado, com todas as ações sendo registradas por câmeras corporais. Ainda não há informações concretas sobre o paradeiro dessas armas, mas há suspeitas de que tenham sido entregues ao crime organizado, especialmente ao grupo do Comando Vermelho.

Fontes próximas à segurança estimam que um fuzil AK-47 pode alcançar valores de até 70 mil reais no mercado ilegal. O órgão de investigação reforça que as armas podem ter sido utilizadas por facções criminosas e que esse episódio evidencia o crescimento do uso de armamento de alta potência em território nacional.

Segundo a pesquisa, quase 7 mil armas apreendidas na Região Sudeste entre 2019 e 2023 foram analisadas, revelando um aumento de 33,7% nas apreensões de armamento de uso militar, que passou de 1.929 para 2.581 registros.

A região Sudeste concentra cerca de 40% das apreensões de armas de fogo no país, especialmente por rotas de contrabando que atravessam países como Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai. O estado do Rio de Janeiro destaca-se por liderar as apreensões de armas de maior intensidade, como fuzis e submetralhadoras, que representam aproximadamente 10% do total recolhido na unidade federativa.

São Paulo ocupa a segunda posição nesse ranking. Bruno Langeani, coordenador do estudo, explica que a maior demanda por armas no Rio de Janeiro está relacionada às disputas entre facções criminosas. Além disso, a legislação de 2019 facilitou o acesso a esses armamentos por civis, permitindo a compra por colecionadores, atiradores e caçadores autorizados.

A ampliação da fabricação clandestina também contribui para o aumento das armas ilegais nas mãos de criminosos.