O líder religioso responsável pela Arquidiocese de Maceió, Dom Carlos Alberto Breis Pereira, popularmente conhecido como Dom Beto, encontra-se sob investigação judicial movida pelo advogado Geraldo Sampaio Galvão. A ação acusa o arcebispo de praticar calúnia, injúria e difamação contra o profissional, que atuava na própria instituição religiosa. O processo está atualmente na 4ª Vara Criminal de Maceió, sob a jurisdição do juiz Josemir Pereira de Souza, que emitiu uma notificação oficial ao religioso.
As tensões começaram após as mudanças promovidas por Dom Beto desde sua chegada ao estado. O arcebispo ordenou afastamentos e instaurou processos administrativos e criminais contra diversos membros do clero, incluindo o Cônego João José de Santana Neto, o Cônego Walfran Fonseca da Silva e o Padre Edvan Bernardino da Silva. Segundo informações da Arquidiocese, os procedimentos canônicos estão sob sigilo, e após sua conclusão na fase diocesana, os autos serão enviados ao Vaticano para decisão do Papa Leão XIV.
O advogado responsável pela denúncia atuava em processos ligados à própria Diocese, mas foi afastado após ser acusado de conivência em questões relacionadas a integrantes do clero. Em abril deste ano, o Ministério Público de Alagoas iniciou uma investigação sobre possíveis irregularidades nos contratos e nas contas tanto da Arquidiocese quanto da Fundação Leobino e Adelaide Motta, gerida por uma entidade ligada à Igreja. A apuração aponta suspeitas de desvios de recursos na administração anterior da Fundação, que tinha Dom Antônio Muniz como presidente e o padre Walfran Fonseca como diretor financeiro. Ambos, junto com outros gestores, foram afastados em março de 2024.
As denúncias também envolvem uma parceria de aproximadamente uma década com a empresa Mandacaru Extração de Areia, que operava dentro de uma área vinculada à Fundação ligada à Igreja Católica no estado.
Conflitos internos entre padres, bispos e o arcebispo têm causado uma divisão significativa na estrutura da Arquidiocese. Relatos de integrantes da Igreja indicam que a maioria dos contatos internos passou a ser conduzida por meio de processos judiciais, o que evidencia uma crise institucional profunda.
Segundo uma fonte ouvida pelo portal Éassim, a repercussão negativa da situação atingiu em cheio o meio religioso local, principalmente por envolver uma liderança que deveria servir de exemplo de ética e moral.
Para ela, o episódio evidencia um momento delicado para a Igreja Católica em Maceió, em que o líder responsável por unir e cuidar da comunidade se vê envolvido em uma disputa de caráter pessoal na esfera judicial.