Em uma sentença divulgada nesta quinta-feira (27), a Justiça Eleitoral anulou os mandatos do prefeito de Passo de Camaragibe, Ellisson Santos da Silva, e do vice, Adeildo Petrúcio dos Santos, por práticas de abuso de poder político nas eleições de 2024.
A medida foi tomada pela juíza Priscilla Emanuelle, da 12ª Zona Eleitoral. A decisão também declarou ambos os gestores inelegíveis pelo período de oito anos, obrigando o município a realizar novas eleições para os cargos de chefe do executivo e vice após o término dos recursos administrativos em andamento.
Segundo o documento, a administração municipal promoveu um aumento significativo na contratação de servidores e nos dispêndios com pessoal durante o ano eleitoral, fato que motivou a ação judicial. O Ministério Público Eleitoral já havia solicitado a cassação das posições. Dados provenientes de registros oficiais da prefeitura e de instituições bancárias indicam que o pagamento de salários saltou aproximadamente 50% entre março e setembro de 2024.
Este crescimento foi atribuído, principalmente, à contratação de servidores temporários e de cargos de confiança. Após a eleição, observou-se uma redução rápida nas admissões, fato que, conforme a Justiça, evidencia o uso da máquina pública com fins eleitorais. Depoimentos de testemunhas confirmaram a realização de contratações “excessivas”, especialmente na área da Educação, além de apontar possíveis vínculos políticos entre alguns dos nomeados.
A coligação que ingressou com a ação argumenta que esse aumento nas contratações influenciou diretamente o resultado das urnas, que registrou 10.281 votos válidos, com uma diferença de 3.587 votos entre os candidatos.
A defesa do prefeito sustenta que nenhuma irregularidade ocorreu, alegando que as alterações na folha de pagamento tiveram motivos meramente administrativos, sem relação com o processo eleitoral. A execução da sentença, contudo, não será imediata. A medida só será implementada após a análise do recurso pelo Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE/AL), que poderá confirmar ou reformar a decisão, possibilitando o afastamento dos atuais mandatários e a convocação de uma nova eleição no município.
Até o momento, a assessoria de imprensa do município não respondeu às tentativas de contato feitas pela redação, permanecendo o espaço aberto para manifestações futuras.