Um incêndio de dimensões devastadoras atingiu um conjunto de torres residenciais em Tai Po, Hong Kong, nesta quarta-feira (26/11), resultando na morte de 36 pessoas e no desaparecimento de outras 279. Diversos residentes receberam atendimento médico e estão hospitalizados após o sinistro.
Entre as vítimas fatais, destaca-se um bombeiro de 37 anos que perdeu a vida enquanto combatia as chamas. A administração local o descreveu como uma pessoa "dedicada, corajosa e exemplar".
O sinistro foi classificado no nível cinco, o mais severo na escala de emergências do território. A última ocorrência de incêndio nesta gravidade ocorreu em 2008, quando o prédio Cornwall Court, localizado no bairro de Mong Kok, foi consumido pelas chamas.
Mais de 800 bombeiros foram mobilizados para tentar conter o fogo no Wang Fuk Court, um complexo residencial composto por oito torres de 31 andares cada.
Segundo o chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee, a situação está sob controle, com três edifícios já livres de fogo. O incêndio teve início às 14h51 no horário local, equivalente à madrugada no Brasil.
Centenas de apartamentos foram evacuados, com os moradores transferidos para abrigos temporários e unidades de emergência. Na noite, uma jovem criança e uma senhora idosa foram resgatadas enquanto as estruturas ainda estavam em chamas.
As causas do incêndio estão sendo investigadas, e as autoridades destacaram a rápida propagação do fogo, que foi considerada "excepcional". As chamas teriam se espalhado com rapidez pelos edifícios vizinhos, atravessando os andaimes de bambu utilizados na reforma do prédio.
Localizada em Hong Kong, esta estrutura de bambu é um símbolo da cidade, apesar de ser uma das últimas a serem usadas na construção moderna. Em março, o governo anunciou esforços para reduzir o uso deste material por razões de segurança, após uma série de acidentes fatais envolvendo andaimes de bambu.
Segundo o departamento de desenvolvimento local, o uso do bambu apresenta riscos intrínsecos como variações nas propriedades mecânicas, deterioração ao longo do tempo e alta inflamabilidade, o que preocupa as autoridades.
Testemunhas relataram explosões ouvidas dentro do complexo, além de dificuldades das equipes de combate ao fogo em alcançar os andares mais altos com mangueiras. Harry Cheung, morador há mais de 40 anos, relatou à Reuters que percebeu o incêndio por volta das 14h45 e viu as chamas em um dos blocos próximos. "Logo me preparei para sair, sem saber ao certo o que esperar.
Estou preocupado, pensando onde passarei a noite, já que talvez não consiga retornar para casa", afirmou Cheung, de 66 anos. Outro residente, Jason Kong, tentou entrar no edifício para resgatar seu cachorro, mas foi impedido pela polícia.
Ele descreveu a rápida expansão do fogo, que começou no bloco um e se espalhou de forma surpreendente, mesmo após a primeira notícia de incêndio. "Recebi uma mensagem às 15h de que o telhado do meu bloco também incendiava. O fogo se espalhou num piscar de olhos. Estou devastado, cercado de vizinhos e amigos, sem saber exatamente o que fazer agora", disse Kong.
A equipe da BBC na China, presente no local, afirmou que o aroma de fumaça podia ser sentido a aproximadamente 500 metros do complexo, enquanto moradores e jornalistas relataram a intensidade do sinistro. O vereador de Tai Po, Mui Siu-fung, confirmou ter visto as chamas internas através das janelas do prédio.
Tomas Liu, estudante que passava pelo local, descreveu a cena como um cenário de desastre, destacando a densidade da fumaça e o calor intenso percebido na aproximação. O complexo Wang Fuk Court possui oito torres de 31 andares, construídas em 1983, atualmente passando por reformas que expõem as estruturas de andaimes de bambu, uma tradição antiga na construção local.
Apesar de ser considerado um ícone da paisagem urbana de Hong Kong, a utilização de bambu tem sido questionada por motivos de segurança, com esforços recentes do governo para substituí-lo por materiais metálicos, especialmente após múltiplas fatalidades relacionadas a estes andaimes. De acordo com o porta-voz do Departamento de Desenvolvimento, Terence Lam, os andaimes de bambu apresentam fragilidades como variações mecânicas, deterioração com o tempo e alta inflamabilidade, fatores que elevam os riscos durante procedimentos de construção.
Durante o incêndio, explosões foram ouvidas pelos moradores, além de relatos de dificuldades no combate às chamas em pontos elevados, com mangueiras que não atingiam facilmente os andares superiores. Testemunhas indicaram que as chamas se propagaram muito rapidamente após o início do incêndio, deixando moradores assustados e incertos sobre o que fazer a seguir.