De acordo com os relatos de Osman Ramires Neto, engenheiro civil e líder da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Alagoas (Ademi) para o período de 2025/2026, a construção de novas unidades residenciais no bairro do Farol foi completamente interrompida por ações das construtoras. O motivo principal para essa paralisação decorre da influência da mineração da Braskem na região.
Na tarde de hoje, será realizado na sede do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Alagoas (Sinduscon/AL), localizado no bairro do Farol, em Maceió, um evento que apresentará o Programa de Mercado e Perspectivas para 2026. A atividade é aberta ao público e começará às 16h30, com a presença de diversos representantes do setor.
O anfitrião principal será o presidente do Sinduscon, José Nogueira, que também representará a Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea). Além dele, estarão presentes Alfredo Breda, vice-presidente do Sinduscon/AL; Sérgio Cabral, chefe do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Alagoas (Creci/AL); e Fábio Tadeu, empresário à frente da Brain/Mare Nostrum. Durante a reunião, o sindicato divulgará os resultados do último trimestre de 2026 e antecipará novidades relativas ao mercado imobiliário no próximo ano.
Em uma entrevista exclusiva à Tribuna Independente, Osman Ramires — que também lidera a Coopercon/AL e atua como sócio-diretor da Telesil Engenharia — comentou as consequências da atividade mineradora da Braskem sobre o setor imobiliário alagoano. Segundo ele, todos os lançamentos na área do bairro do Farol estão suspensos, abrangendo desde a Ladeira dos Martírios até a Gruta, incluindo quase toda a região próxima ao Murilópolis, na parte superior da cidade.
“Todas as iniciativas de construção no bairro do Farol foram suspensas pelas empresas. Isso aconteceu devido à impossibilidade de obter financiamento junto à Caixa Econômica Federal e também por causa de notícias alarmantes que assustaram os potenciais compradores”, esclareceu Ramires. Ele ainda explicou que as seguradoras que colaboram com financiamentos concedidos pela Caixa deixaram de assegurar imóveis dentro de um raio de 1,5 km do ponto de risco de afundamento causado pela mineração.
Questões respondidas ao presidente da Ademi
1) Como a atividade mineradora da Braskem afetou o mercado imobiliário na capital e na região metropolitana de Maceió? Houve uma suspensão de lançamentos? A Ademi possui dados sobre os prejuízos?
A principal consequência foi a delimitação de uma área de risco, definida pelo CPRM — Serviço Geológico do Brasil, em parceria com a Defesa Civil — que estabeleceu a zona de instabilidade devido às escavações realizadas pela Braskem. Essa delimitação proibiu qualquer atividade na região. Contudo, a seguradora responsável pelos financiamentos ampliou essa zona em mais 1,5 km, dificultando financiamentos na maior parte do bairro do Farol. Como resultado, todos os projetos de construção foram interrompidos, mas o prejuízo recai sobre as empresas, e não sobre a associação.
2) Como estão os imóveis situados nas áreas afetadas pela mineração? São de propriedade de quem?
Não participamos dessas negociações. Como a Braskem está realizando indenizações aos proprietários, é provável que os imóveis passem a pertencer à própria empresa.
3) Qual a situação dos imóveis localizados nas bordas da zona de risco determinada pela Defesa Civil de Maceió?
Todos os imóveis situados dentro dessa área de risco deverão ser demolidos.
4) Por que a Justiça determinou que a Braskem indenize apenas 13 imóveis interditados pelo órgão municipal de gerenciamento de riscos no bairro do Bom Parto, e os demais continuam sem indenização?
A decisão sobre quais imóveis devem receber indenizações cabe à Defesa Civil, que avalia os riscos e critérios utilizados na avaliação.
5) Por que as seguradoras evitam financiar imóveis na região afetada pela mineração, dentro de um raio de 1,5 km do centro do desastre?
As seguradoras aumentaram o raio de risco em mais 1,5 km como medida de precaução adicional, mesmo considerando as avaliações técnicas que indicam limites de segurança.
6) Quais planos das construtoras e incorporadoras para o bairro do Farol, que antes da crise era um dos maiores polos imobiliários de Maceió?
Qualquer novo empreendimento só poderá ser iniciado após a confirmação da CPRM e da Defesa Civil de que a área está livre de riscos. Além disso, será necessário um esforço de comunicação para amenizar a percepção de insegurança que atualmente existe na população local.
7) Quais lançamentos estão previstos para o bairro do Farol, desde o Alto da Jacutinga até a região da Gruta, nos próximos anos, a partir de 2026?
Os lançamentos só ocorrerão após a liberação oficial da área de risco pela Defesa Civil e pelo SGB/CPRM, garantindo a segurança para futuras construções.