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Economia
25/11/2025 20:00:00

Transformações no Comportamento de Compra Durante a Temporada de Fim de Ano

Black Friday consolida-se como evento pré-Natal, enquanto o Pix substitui o cartão de crédito como método preferido de pagamento

Transformações no Comportamento de Compra Durante a Temporada de Fim de Ano

A Black Friday deixou de ser um evento isolado com descontos pontuais para se configurar como o início oficial da temporada de compras natalinas no Brasil.

Dados indicam que 68% dos consumidores planejam aproveitar essa data para adiantar suas aquisições de Natal, fazendo de novembro um mês de compras mais cedo e prolongado, exigindo estratégias diferenciadas das marcas.

Pesquisa conduzida pela RZK Insights, com amostragem de 16 mil indivíduos em grandes capitais, revela que o consumidor brasileiro de 2025 adota uma postura mais consciente e menos impulsiva durante a Black Friday.

Apesar do desejo de consumo ainda ser forte, a racionalidade tem ganhado espaço: os consumidores realizam pesquisas, comparam preços e demonstram preocupação com a logística. Assim, as marcas precisam agora transmitir confiança, praticidade e controle, além de estimular o desejo.

Um movimento marcante é a substituição do cartão de crédito pelo Pix na preferência dos consumidores. Pela primeira vez, desde a popularização da Black Friday no país, o Pix à vista (24%) supera o uso do cartão de crédito (16%) como método de pagamento preferido.

Essa mudança reflete o anseio do brasileiro por evitar juros, manter autonomia financeira e sentir o gasto no presente, ao invés de postergar o pagamento. Além disso, o Pix parcelado surge como uma alternativa moderna ao crediário tradicional, citado por 8,9% dos entrevistados. Os consumidores não compram impulsivamente; eles planejam, avaliam e escolhem a forma de pagamento que proporciona maior clareza e menor risco.

Essa prática reforça a ideia de que a experiência de compra hoje integra pagamento e posse em um único gesto, simbolizando uma nova racionalidade. A antecipação das compras natalinas também não é por acaso. O consumidor urbano de 2025 busca um equilíbrio entre desejo e pragmatismo, valorizando bons preços, frete grátis, entregas rápidas e marcas confiáveis.

Descontos agressivos continuam sendo o principal fator de decisão (37%), mas a conveniência já ocupa posição de destaque logo após. Teoricamente, se a Black Friday oferece vantagens reais e experiências sem complicações, por que esperar até dezembro? A data passou a ser uma estratégia de "comprar bem": 81% dos entrevistados afirmam que aproveitam esse período tanto para si quanto para presentear, tornando-se um momento crucial de compras estratégicas.

O perfil do consumidor tem se tornado cada vez mais híbrido. Enquanto 52% preferem realizar compras online, as lojas físicas, especialmente de bairro e comércios populares, continuam relevantes, representando mais de 40% das intenções de compra. Os consumidores pesquisam pelo celular, comparam preços durante o trajeto e finalizam a compra pelo ambiente que consideram mais conveniente.

Nesse cenário, a publicidade em telas de mídia exterior digital (DOOH) ganha protagonismo, atuando como lembrete e estímulo às decisões de compra em tempo real, uma vez que o consumidor de 2025 é predominantemente mobile, tanto no mundo físico quanto no digital. No segmento de eletrodomésticos, produtos como Smart TVs, geladeiras, fogões e máquinas de lavar permanecem no topo das preferências. Esses itens representam compras planejadas, muitas vezes adiadas, realizadas na Black Friday por oferecerem condições acessíveis, com potencial de movimentar cerca de R$ 2,74 bilhões e um ticket médio de R$ 1.040.

Os consumidores, portanto, mostram-se mais estratégicos, menos impulsivos. A grande inovação na edição de 2025 da Black Friday não reside nos descontos ou volume de vendas, mas sim na mudança cultural: o planejamento de compra. Os brasileiros fazem escolhas conscientes, utilizando o celular com atenção à logística, e adotam o Pix como ferramenta de organização financeira.

Com isso, a ideia de que novembro virou um mês de compras antecipadas e que o Pix substitui o cartão de crédito evidencia que a decisão de compra saiu das promoções e voltou às mãos do consumidor.

A transformação é evidente: a Black Friday não começa mais na semana do evento, mas semanas antes, refletindo uma mudança no comportamento do consumidor brasileiro, mais maduro, planejado e atento às suas finanças.