Durante as horas mais silenciosas da madrugada em Manaus, a vulnerabilidade infantojuvenil continua sendo explorada por criminosos. Crianças que deveriam estar brincando têm suas vidas marcadas por atos de abuso sexual, um delito que desafia as forças de segurança e compromete o futuro de muitas delas. Uma equipe do SBT percorreu pontos estratégicos do centro da cidade e conseguiu registrar a presença de menores de idade em locais associados à prática de exploração ilícita.
SBT Brasil
24/11/2025 às 21h38 • Atualizado às 21h59
O que mais chama atenção é a proximidade desses locais com áreas controladas pelo tráfico de drogas, uma ligação silenciosa, porém clara, que evidencia a enorme vulnerabilidade das adolescentes. Os criminosos usam esses ambientes para explorar suas vítimas, manipulando tanto seus corpos quanto sua dignidade.
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Esse cenário não se limita às regiões urbanas. Nas comunidades ribeirinhas, o isolamento, a escassez de infraestrutura e o acesso difícil dificultam a denúncia e a descoberta de casos de abuso sexual infantil.
Segundo a delegada Mayara Magna, nos últimos três anos, o Amazonas registrou uma média de quase seis mil casos de estupro envolvendo crianças e adolescentes, uma situação que exige intervenção urgente.
Recentemente, um homem agrediu uma equipe de reportagem do SBT e foi detido duas vezes em menos de doze horas, evidenciando o grau de violência e resistência que a problemática enfrenta.
Casos como o de Catarina Kasten, assassinada em uma trilha em Florianópolis, ilustram a gravidade do que ocorre com mulheres e menores no país, reforçando a necessidade de ações mais efetivas.
O problema não está restrito às cidades maiores; nas regiões ribeirinhas, a distância e a falta de recursos dificultam a identificação e a denúncia de casos de abuso sexual, que muitas vezes só vêm à tona após anos de silêncio.
Ivaneide Oliveira, coordenadora do abrigo Coração do Pai, relata que, em várias ocasiões, famílias colocaram crianças na prostituição em troca de dinheiro ou alimentos, demonstrando o grau de vulnerabilidade e desamparo enfrentado por essas vítimas.
De acordo com Hildo Almeida, do Conselho Tutelar, aproximadamente 57% das vítimas de abuso são meninas, embora o número de meninos explorados também esteja aumentando, especialmente em comunidades mais pobres. Ele afirma que denúncias diárias evidenciam que o crime atinge todas as idades, sem distinção.
Nas instituições de acolhimento, equipes multidisciplinares trabalham para reconstruir as vidas dessas vítimas, que recebem suporte da polícia, profissionais de saúde, órgãos tutelares e o sistema judiciário. A delegada Mayara Magna enfatiza que a sociedade tem uma grande responsabilidade na proteção dessas crianças.
Combater todas as formas de violência contra menores demanda esforço contínuo. Denunciar é uma ação essencial para interromper o ciclo de abuso e assegurar às vítimas o direito à infância, que muitas vezes lhes é negado desde cedo.