A deterioração nas relações políticas atingiu um novo nível nesta semana, com embates públicos entre membros do Congresso. Lindbergh Farias, representante do PT e líder da bancada na Câmara, criticou duramente Hugo Motta, presidente da Casa, através de uma postagem na plataforma X.
Farias avalia que a postura adotada por Motta demonstra imaturidade, além de afirmar que nunca agiu de forma clandestina em suas ações políticas. Em uma declaração contundente, ele afirmou: “Considero a atitude do presidente da Câmara, Hugo Motta, como precoce e inadequada. Política não deve funcionar como um clube de amigos. Minhas ações sempre foram transparentes e consistentes, diferentemente do que tem ocorrido na condução de Motta, que agiu às escondidas ao derrubar o IOF, ao aprovar a PEC da Blindagem e na nomeação de Guilherme Derrite como relator de um projeto de lei do Executivo.”
Farias acrescentou que, caso exista uma crise de confiança entre o Executivo e o presidente da Câmara, ela estaria relacionada às decisões de Motta, e não à sua atuação como líder da bancada do PT. Ele pediu que o colega assuma suas responsabilidades e não tente transferir a culpa para sua conduta parlamentar.
A controvérsia se intensificou após Hugo Motta informar que rompeu relações com Lindbergh Farias, afirmando ao jornal Folha de São Paulo que “não tenho mais interesse em manter qualquer ligação com o deputado Lindbergh Farias”. A origem do atrito se deu a partir da nomeação de Guilherme Derrite, do PP, para relatar um projeto de lei importante, que trata de questões relacionadas à segurança pública. Derrite, que deixou seu cargo de secretário de Segurança Pública de São Paulo sob o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi designado relator do projeto enviado pelo Executivo, mesmo com resistências internas ao seu nome.
Apesar do clima tenso e das divergências entre o relator, líderes partidários, o Governo Federal e as forças de segurança, Motta apoiou a votação da proposta. A situação agravou as relações entre Lindbergh Farias e Hugo Motta, num momento em que o relacionamento entre o Palácio do Planalto e o Senado também apresenta sinais de desgaste. Na última quinta-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou Jorge Messias para substituir Luís Roberto Barroso na vaga do Supremo Tribunal Federal (STF).
Essa escolha contrariou as expectativas do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil), que defendia o nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD).