Na manhã deste domingo (23), às 12h, foi realizada a audiência de custódia do ex-presidente Jair Bolsonaro por videoconferência na Superintendência da Polícia Federal localizada no Distrito Federal. O procedimento, que durou aproximadamente uma hora, foi encerrado oficialmente ao fim da sessão. Pouco tempo depois, foi divulgada a ata do ato, assinada pela juíza auxiliar Luciana Yuki Fugishita Sorrentino — que conduziu a sessão em nome do ministro Alexandre de Moraes — confirmando a validação da prisão e a ausência de irregularidades na execução do mandado. Antes da audiência, Bolsonaro realizou uma entrevista reservada com seus advogados, Daniel Bettamio Tesser e Paulo Henrique Aranda Fuller, enquanto o representante da Procuradoria-Geral da República, Joaquim Cabral da Costa Neto, também acompanhou o procedimento. Na ata, Bolsonaro revelou que passou por um episódio de “paranoia” na madrugada de sexta para sábado, motivado pelos efeitos de medicamentos prescritos por diferentes médicos, incluindo Pregabalina e Sertralina. Ele afirmou ter utilizado um ferro de solda para abrir a tampa de sua tornozeleira eletrônica, acreditando que o dispositivo continha “alguma escuta”. O ex-presidente explicou que estava na companhia de sua filha, irmão e um assessor naquele momento, porém todos estavam dormindo e, por isso, não perceberam sua ação. Além disso, declarou que nunca havia passado por episódios semelhantes anteriormente e que começara a tomar um dos remédios apenas quatro dias antes. Bolsonaro também garantiu que não pretendia fugir e que a cinta do equipamento não teria sido rompida, embora essa versão ainda seja analisada pela perícia. Ele afirmou ter informado os policiais após “cair na razão” e interromper a tentativa de abrir o monitoramento eletrônico. A Procuradoria-Geral da República considerou o procedimento de prisão regular, já que Bolsonaro confirmou que não sofreu abusos ou agressões por parte dos agentes de segurança. Questionado sobre uma vigília organizada por Flávio Bolsonaro, o ex-presidente explicou que o local fica a 700 metros de sua residência, minimizando a possibilidade de tumulto ou fuga. Ele também citou os médicos responsáveis por sua medicação, entre eles Cláudio Birolini, Leandro Chenique e Marina Graziottin Pasolini — que, segundo ele, prescreveu a Sertralina sem comunicação com os demais profissionais. A juíza auxiliar concluiu que o procedimento seguiu todas as formalidades legais estabelecidas pela Resolução 213 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), homologando a prisão preventiva de Bolsonaro. A decisão final sobre a continuidade ou revogação da medida cabe ao ministro Alexandre de Moraes. A ata destaca que, por tratar-se de uma audiência por videoconferência, a ausência de assinatura física do depoente está de acordo com o artigo 195 do Código de Processo Penal. Com o encerramento da audiência, Bolsonaro permanece na sede da Polícia Federal, aguardando a decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), prevista para os próximos dias, que deverá determinar se a prisão preventiva decretada por Moraes na véspera será mantida ou não.