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Acidente
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Consequências do Aquecimento Global: Comparando 1,5°C e 2°C de aumento na temperatura

Entenda os riscos ambientais, sociais e econômicos associados aos limites de aquecimento estipulados pelo Acordo de Paris

Consequências do Aquecimento Global: Comparando 1,5°C e 2°C de aumento na temperatura

Exploração dos Efeitos de 1,5°C e 2°C no Escalador do Clima Mundial

Desde a assinatura do Acordo de Paris em 2015, a meta central no combate às mudanças climáticas estabeleceu que o aumento da temperatura média global não deve ultrapassar 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais. Caso isso não seja possível, o limite aceitável seria de 2°C. Embora essa diferença de meio grau pareça mínima, ela provoca transformações significativas na intensidade e frequência de eventos climáticos extremos, afetando desde a agricultura até a saúde pública e a disponibilidade de recursos hídricos.

Para compreender melhor, imagine o efeito de uma febre leve em uma pessoa: ela causa desconforto, assim como o excesso de calor na atmosfera prejudica o equilíbrio planetário. Tempestades mais violentas, períodos de seca prolongada, ondas de calor extremas e enchentes passam a ocorrer com maior regularidade e força, impactando custos de seguros, migração de populações, abastecimento de água e o bem-estar de comunidades inteiras.

Apesar do compromisso assumido, a última década revelou que muitos países continuam a aumentar suas emissões de gases de efeito estufa. Especialistas alertam que atingir o limite de 1,5°C já está praticamente fora de alcance. Dados recentes indicam que, desde 2015, a Terra já aqueceu aproximadamente 0,3°C, o que equivale a 11 dias adicionais de temperaturas elevadas por ano. Para reverter esse cenário até o final do século, seria necessário reduzir mais de 55% das emissões globais nos próximos quinze anos, uma tarefa extremamente desafiadora.

A escolha do limite de 1,5°C é fundamentada em razões concretas. Quanto maior o aquecimento, maior o risco de desmoronamento de ecossistemas, elevação do nível do mar e exposição de milhões à temperatura extrema. A destruição de habitats marinhos e áreas costeiras torna-se mais provável ao ultrapassar esse limite, agravando o impacto ambiental.

O cenário de 2°C, embora seja uma alternativa prevista no Acordo de Paris, indica consequências muito mais severas. Segundo o World Resources Institute, enquanto em um aquecimento de 1,5°C apenas 14% da população mundial enfrentaria ondas de calor extremas, esse percentual aumenta para mais de um terço em um cenário de 2°C. Além disso, entre 800 milhões e 3 bilhões de pessoas poderiam experimentar crises de escassez de água de forma contínua. Para manter o planeta nessa trajetória, seria necessário reduzir as emissões em 25% até 2030, tomando como base os níveis de 2019.

O aumento de temperatura afeta as regiões do planeta de maneira desigual. Os polos aquecem mais rapidamente devido às características do gelo e do oceano, com o Ártico podendo experimentar verões sem gelo pelo menos uma vez por década em um cenário de 2°C, enquanto no de 1,5°C essa ocorrência seria limitada a uma vez por século. O derretimento das calotas polares acelera a subida do nível do mar e libera metano preso no permafrost, intensificando o aquecimento global.

As projeções até o final do século são alarmantes. Com as políticas atuais, o Climate Action Tracker estima que o mundo poderá atingir um aumento de aproximadamente 2,6°C até 2100. Essa previsão indica um colapso dos ecossistemas marinhos, aumento de eventos extremos como secas e enchentes, além do risco de ultrapassar limites de pontos de inflexão irreversíveis, como o recuo de geleiras essenciais para bilhões de habitantes.

Os efeitos já podem ser percebidos na prática. Em 2024, registrou-se o ano mais quente da história, marcado por incêndios devastadores nos Estados Unidos, ondas de calor prolongadas na Índia e enchentes severas no Rio Grande do Sul, que deixaram milhares de pessoas desabrigadas. Essas mudanças climáticas também provocaram deslocamentos populacionais e ao menos 3.700 mortes ao redor do mundo.

Especialistas reforçam que a continuidade na emissão de dióxido de carbono na atmosfera garantirá o aquecimento global. Assim, a meta mais crítica não é apenas limitar o aumento a 1,5°C ou 2°C, mas sim o esforço contínuo para zerar as emissões, condição fundamental para interromper a escalada de eventos climáticos extremos.