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Mundo
19/11/2025 20:00:00

Polônia acusa Rússia por ataque a ferrovia estratégica

Polônia acusa Rússia por ataque a ferrovia estratégica

A Polônia atribuiu à Rússia a responsabilidade por um ataque recente contra uma ferrovia considerada essencial para o transporte de suprimentos militares destinados à Ucrânia.

Jacek Dobrzynski, porta-voz do coordenador dos serviços de inteligência poloneses, afirmou que todos os indícios reunidos até agora apontam para a atuação de agentes russos na operação, declaração dada após uma reunião emergencial do Comitê de Segurança Nacional.

A linha férrea que liga Varsóvia à cidade de Lublin foi danificada no domingo após a explosão de um dispositivo colocado nos trilhos. O impacto foi detectado a tempo por um maquinista, que alertou o centro de controle e permitiu a interdição do trecho.

O primeiro-ministro Donald Tusk declarou que a detonação, ocorrida perto da cidade de Mika, a cerca de 100 quilômetros da capital, tinha como provável objetivo provocar o descarrilamento de um trem, classificando o episódio como um ato de sabotagem sem precedentes.

Outros dois pontos da mesma linha também sofreram danos. Dobrzynski afirmou que serviços russos buscam desestabilizar a sociedade polonesa e espalhar medo, ressaltando que a ferrovia atingida, por onde circulam diariamente 115 trens, é crucial para o envio de ajuda humanitária à Ucrânia.

A Polônia, integrante da Otan e da União Europeia e um dos principais apoiadores de Kiev, teme ações de sabotagem desde o início da invasão russa. A malha ferroviária se tornou alvo estratégico, já que grande parte das entregas militares ocidentais destinadas à Ucrânia passa pelo país antes de alcançar a fronteira, no trecho que segue para Dorohusk.

No ano anterior, Varsóvia responsabilizou agentes russos por um grande incêndio em um shopping da capital, e, em outubro, oito pessoas foram detidas sob suspeita de planejar sabotagem e espionagem em favor de Moscou.

O ministro do Interior, Marcin Kierwinski, afirmou que a detonação do artefato explosivo foi confirmada e relatou outros dois incidentes registrados na mesma ferrovia. Em um deles, uma linha de transmissão aérea foi danificada perto de Pulawy, obrigando um trem a parar; mais adiante, um obstáculo havia sido colocado sobre os trilhos, mas sem causar consequências.

O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, afirmou que a aliança mantém contato constante com as autoridades polonesas, mas aguarda o resultado das investigações. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, advertiu para ameaças crescentes à segurança do bloco e pediu que os Estados-membros reforcem suas capacidades de proteção de infraestrutura e espaço aéreo.

O ministro do Exterior da Ucrânia, Andriy Sybiha, manifestou solidariedade à Polônia e disse que considera possível tratar-se de mais um ataque híbrido russo, com o objetivo de testar a reação polonesa. A Polônia é ponto estratégico para o fluxo de armas e ajuda humanitária destinada à Ucrânia e faz fronteira com Belarus, aliada de Moscou, e com o enclave russo de Kaliningrado.

Em outubro, as autoridades polonesas anunciaram a prisão de 55 suspeitos de sabotagem desde o início da guerra, supostamente atuando em nome da Rússia. Entre as medidas adotadas em resposta, o governo impôs restrições de viagem a diplomatas russos e determinou o fechamento dos consulados da Rússia em Poznan e Cracóvia.