Com a chegada da temporada de chuvas, é esperado que tempestades intensas, ciclones extratropicais e eventos meteorológicos de grande impacto se tornem mais comuns ao longo do verão no Brasil. No último dia 7 de novembro, a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no interior do Paraná, foi atingida por um tornado causado por um fenômeno de baixa pressão, além de uma forte precipitação na capital paulista nesta segunda-feira (17), que trouxe ventos de até 50 km/h.
Especialistas alertam que esses tipos de eventos devem se intensificar nos meses seguintes, levando em consideração as condições atuais e as previsões para a estação quente, que começa em 21 de dezembro de 2025 e vai até 20 de março de 2026.
A atuação de sistemas de frentes frias, combinada à alta convectividade atmosférica, deve favorecer a ocorrência de tempestades severas, incluindo granizo, ventos que ultrapassam 50 km/h e chuvas volumosas nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e partes do interior do Nordeste. Segundo Eugênio Greghi, meteorologista da plataforma FieldPRO, esse aumento na incidência de fenômenos meteorológicos extremos ocorre devido à consolidação da temporada chuvosa, que promove a formação de frentes frias e sistemas convectivos capazes de gerar chuvas intensas e rápidas.
Na vastidão do território brasileiro, as variações climáticas serão ainda mais marcantes, com algumas regiões enfrentando períodos de seca com temperaturas elevadas, enquanto outras experimentarão precipitações excessivas e riscos de enchentes. Greghi explica que tal comportamento resulta da influência de fenômenos climáticos de escala interanual, como La Niña, além das oscilações oceânicas e atmosféricas, que reforçam a variabilidade do clima nacional.
O fenômeno La Niña, confirmado em outubro de 2025 pela NOAA, e suas interações com o Dipolo do Oceano Índico e a Oscilação Antártica, criam padrões que favorecem a formação de corredores de umidade — responsáveis por prolongados episódios de chuva forte entre as regiões Norte e Sudeste. Além disso, a chegada de frentes frias ao centro-sul aumenta a probabilidade de precipitações intensas.
De acordo com a previsão da FieldPRO, até meados de fevereiro de 2026, o Rio Grande do Sul deverá passar por períodos de chuva irregular e alguns episódios de calor intenso. Santa Catarina, Paraná, grande parte do Sudeste e do Centro-Oeste também deverão enfrentar aumento na quantidade de eventos de precipitação intensa e temperaturas abaixo da média histórica.
Na região Norte, o início da estação de chuvas deve ocorrer mais tarde, porém, com volumes de chuva superiores ao normal ao longo do período. Para entender melhor, os tornados surgem de tempestades extremamente vigorosas, principalmente nas supercélulas — nuvens de grande escala com correntes de ar ascendentes e rotação.
Esses fenômenos formam uma coluna de ar que se estende da base de nuvens cumulonimbus até o solo. Greghi explica que, diferentemente dos ciclones e furacões, que podem atingir diâmetros de até 1.000 km, os tornados apresentam uma extensão muito menor, raramente ultrapassando 1 km de largura.
Enquanto os furacões são ciclones tropicais com ventos acima de 119 km/h, os tornados apresentam ventos intensíssimos, muitas vezes superiores a 300 km/h na escala Fujita Aprimorada (EF), porém, sua duração costuma ser de menos de um minuto, ao passo que ciclones podem permanecer por vários dias.