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Congresso Nacional
18/11/2025 19:00:00

Senado presta homenagem figuras emblemáticas da cultura negra e celebra a diversidade afro-brasileira na semana da conscientização racial

Cerimônia destaca nomes importantes na luta contra o racismo e reforça o compromisso do Legislativo na promoção da igualdade racial no país

Senado presta homenagem figuras emblemáticas da cultura negra e celebra a diversidade afro-brasileira na semana da conscientização racial

Agência Senado

Durante uma cerimônia formal no plenário, o Senado Federal comemorou a semana da Consciência Negra ao conceder a prestigiosa distinção Abdias Nascimento a personalidades que tiveram impacto na valorização da cultura afro-brasileira e na promoção da equidade racial.

O evento, realizado nesta segunda-feira (17), reafirmou o compromisso do Congresso com a valorização da diversidade e o combate ao preconceito, especialmente na véspera do Dia Nacional de Zumbi.

No decorrer da sessão, o senador Paulo Paim (PT-RS), autor do requerimento RQS 43/2025, destacou a trajetória de Abdias Nascimento (1918-2014), poeta, deputado e ativista dedicado à afirmação da identidade afro-brasileira.

Paim compartilhou sua admiração por possuir fotos do líder em sua residência e gabinete, lembrando sua atuação como um combatente pela dignidade humana. Ele também destacou a importância do Teatro Experimental do Negro, fundado por Abdias, como símbolo de resistência e fonte de inspiração.

Segundo o parlamentar, a luta por igualdade exige perseverança constante. — Nossa indignação é o que nos motiva. Não podemos deixar que essa indignação esfrie. Somos rebeldes em uma causa, na busca por justiça e liberdade — declarou.

O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, reforçou que o Brasil ainda carrega raízes profundas do período escravagista, salientando que a Semana da Consciência Negra deve ser tempo de celebração e de reflexão.

— Ainda há proprietários de terras que escravizam e oprimem indivíduos, como no passado. Nosso país é resultado de uma mistura de povos, com raízes africanas. Como dizia Darcy Ribeiro, essa miscigenação deve ser vista mais como uma virtude do que como um problema — afirmou. A homenagem também contou com o reconhecimento de diversos senadores, que ressaltaram a relevância das trajetórias homenageadas neste ano.

A senadora Dra. Eudócia (PL-AL), que indicou Valdice Gomes da Silva, afirmou que a distinção simboliza o compromisso do Senado contra o racismo. — A criação desta homenagem valoriza os esforços de negros e negras na sociedade brasileira. É uma demonstração de que estamos empenhados em eliminar o preconceito — comentou.

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), responsável por indicar Natanael dos Santos, considerou a honraria uma das mais relevantes concedidas pelo Senado. — A Comenda representa uma das maiores reconhecimentos do Senado. Que possamos construir uma nação onde a igualdade seja uma realidade, sem dores causadas pelo preconceito — declarou.

A parlamentar Zenaide Maia (PSD-RN), autora da indicação de Gilson José Rodrigues Junior, destacou a importância de manter a luta contra o racismo ativa. — A narrativa de que o racismo não existe é falsa. Não há democracia plena ou justiça social enquanto houver segregação por cor de pele. Devemos garantir à população negra a construção do Brasil — ressaltou.

Este ano, seis personalidades receberam o prêmio, selecionadas pelo Conselho da Comenda por suas ações em prol da cultura afro-brasileira, direitos humanos e políticas de promoção da igualdade racial. Entre os homenageados estão nomes como Bezerra de Menezes, médico, político e filantropo cearense do século XIX, que atendia gratuitamente pessoas negras escravizadas e atuou no movimento espírita defendendo ideias de justiça e reparação; Carlos Alves Moura, advogado e defensor dos direitos humanos, fundador do Centro de Estudos Afro-Brasileiros de Brasília, ex-presidente da Fundação Cultural Palmares, responsável por políticas de reconhecimento de comunidades quilombolas e intercâmbios com países africanos lusófonos; Gilson José Rodrigues Júnior, antropólogo e docente do IFRN, que desenvolve projetos de educação étnico-racial, ações afirmativas e letramento racial para ampliar a presença negra na educação; Natanael dos Santos, historiador com foco na relação entre Brasil e África, fundador de grupos acadêmicos de estudos, coordenador de núcleos de direitos humanos e coautor de projeto premiado em Cannes em 2019, atualmente na Editora Griô Educacional; Tulio Augusto Samuel Custódio, sociólogo dedicado a divulgar a obra de Abdias Nascimento, trabalhou na curadoria de exposições e na divulgação de textos inéditos do ativista, promovendo maior acesso à cultura negra no Brasil; e Valdice Gomes da Silva, jornalista e ativista alagoana, fundadora da Cojira-AL (Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial), ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas, atualmente coordenadora de projetos culturais como o "Vamos Subir a Serra", que celebra a consciência negra na Serra da Barriga, Alagoas.

A cerimônia contou com ampla participação de representantes políticos, reafirmando o compromisso do Senado com a valorização da cultura afro-brasileira, além da luta por equidade social e justiça racial.