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Geral
14/11/2025 04:00:00

México reforça tarifas de até 210% para proteger setor sucroalcooleiro e desafia o Brasil

Medida visa estimular a produção doméstica e limitar importações de países sem acordos comerciais, incluindo o nação sul-americana

México reforça tarifas de até 210% para proteger setor sucroalcooleiro e desafia o Brasil

O governo mexicano anunciou a implementação de tarifas elevadas que podem alcançar 210% sobre a importação de açúcar de países sem acordos comerciais com a nação, uma estratégia voltada a resguardar o setor agrícola nacional. A nova política entrará em vigor na próxima terça-feira e inclui sobretaxas de 156% e 210% sobre diferentes produtos derivados do açúcar, como o de cana, o líquido refinado, o de beterraba e xaropes, conforme divulgou o jornal oficial mexicano, justificando a medida como uma tentativa de evitar distorções no comércio internacional.

Anteriormente, o México aplicava tarifas próximas de US$ 0,36 por quilo em certas compras de açúcar, mas agora decidiu aumentar significativamente os impostos sobre as importações de nações com as quais não mantém acordos comerciais, destacando o Brasil entre esses países. Apesar de ser um dos principais fornecedores de açúcar para o México, o mercado mexicano representa uma fração minúscula do total exportado pelo Brasil, que na safra 2024/2025 enviou ao país latino-americano 119 mil toneladas, o que equivale a apenas 0,89% das 35,1 milhões de toneladas totais de açúcar exportadas nesse período.

Para contextualizar, as principais destinações do açúcar brasileiro na mesma safra foram China (2,99 milhões de toneladas), Indonésia (2,94 milhões) e Índia (2,70 milhões). Na temporada anterior, de 2023/2024, as exportações ao México totalizaram 315 mil toneladas, mais do que o dobro, marcando um recorde desde o início dos registros pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), em 1996/1997.

O país latino-americano possui um expressivo setor agrícola voltado à exportação, liderado por produtos como abacate e tomate, além de manter uma história de comércio bilateral de açúcar que se estende por décadas. O Ministério da Agricultura mexicana reforçou que a atualização das tarifas faz parte de uma política de proteção aos empregos internos e fortalecimento da produção doméstica, sobretudo em um cenário de queda dos preços internacionais e excesso de oferta, atendendo às obrigações internacionais do México.

Essa iniciativa faz parte do “Plano México” implementado pela presidente Claudia Sheinbaum, cujo objetivo principal é impulsionar o crescimento econômico interno ao estimular a produção local. A estratégia concentra-se em países sem acordos comerciais atuais, incluindo o Brasil, que, embora seja um fornecedor importante, possui uma participação reduzida na pauta de importação mexicana de açúcar.

Dados da Unica indicam que, na safra 2024/2025, o Brasil enviou 119 mil toneladas de açúcar ao México, representando uma fatia quase insignificante de suas exportações globais, que atingiram 35,1 milhões de toneladas, sendo que os principais destinos ainda são China, Indonésia e Índia. Na temporada anterior, as exportações brasileiras ao México atingiram seu pico, com 315 mil toneladas.

Além das questões comerciais, o México está em fases finais de negociações com os Estados Unidos relativas à renovação do Acordo EUA-México-Canadá (USMCA), com expectativas de melhorias na relação econômica. No entanto, a incerteza gerada por tarifas americanas sobre produtos como aço, veículos e outros itens não cobertos pelo acordo tem causado uma leve contração na economia mexicana, alimentando temores de recessão na segunda maior economia da América Latina.

No final do mês passado, o presidente Donald Trump estendeu tarifas adicionais sobre exportações mexicanas, alimentando as perspectivas de um pacto mais amplo. Enquanto isso, o plano de Sheinbaum de aplicar tarifas elevadas às importações chinesas foi adiado até pelo menos dezembro, devido à forte resistência do setor privado mexicano e até do partido governista, que dificultam a tramitação no Congresso.

Os fabricantes locais argumentam que tais tarifas elevadas aumentariam consideravelmente os custos de produção, pois dependem significativamente das importações de maquinário, componentes e matérias-primas chinesas.