A cidade de Pokrovsk, atualmente palco de intensos confrontos, tem recebido destaque nas análises militares recentes devido à sua importância estratégica na guerra na Ucrânia.
Localizada na região leste do país, próxima à fronteira com Dnipropetrovsk, a batalha por seu controle se intensificou, com sinais de que as forças russas podem estar prestes a tomá-la.
Desde o início dos combates na zona, há mais de um ano, a situação na cidade mudou drasticamente. Antes da invasão em grande escala, Pokrovsk abrigava aproximadamente 60 mil residentes, sendo um centro vital de produção industrial e transporte na área de Donbass sob administração ucraniana.
Hoje, esse número caiu para cerca de 1.500 civis, muitos dos quais já deixaram a localidade devido ao clima de guerra que tomou conta de suas ruas. As operações militares na região têm se concentrado na disputa pelo controle da cidade, com confrontos que persistem desde o ano passado.
Recentemente, os combates escaparam das áreas rurais e invadiram as vias urbanas, aprofundando a crise humanitária e a destruição local. Segundo analistas, a presença militar russa na cidade aumentou consideravelmente nas últimas duas semanas, podendo envolver entre 200 e 300 soldados, ou até mais.
Essa intensificação sugere que Moscou busca consolidar seu domínio na área, controlando regiões estratégicas ao seu redor. Rob Lee, especialista do think tank americano Foreign Policy Research Institute, descreve Pokrovsk como uma 'zona cinzenta' de conflito, destacando a infiltração de unidades russas nas regiões noroeste e norte da cidade.
Ainda não há confirmação do alcance total do controle russo na área, mas a quantidade de tropas e o avanço nas posições indicam uma potencial consolidação. Marina Miron, especialista do King's College de Londres, aponta para o 'gargalo logístico' que desafia as forças ucranianas.
Como estão isoladas, as tropas dependem de drones para abastecimento e evacuação de feridos, tornando sua situação extremamente vulnerável, como uma 'bomba-relógio' nas mãos dos combatentes.
Diante da possibilidade de perda, o coronel austríaco Markus Reisner, que acompanha a guerra desde seu início, comentou à DW que as forças ucranianas resistiram por diversos motivos, incluindo a tentativa de estabelecer novas linhas defensivas na região.
Entretanto, há suspeitas de que Pokrovsk já tenha sido capturada pelos russos, o que poderia representar um marco importante na guerra. Se essa conjectura se confirmar, os impactos no conflito serão profundos.
Para especialistas militares, a tomada da cidade consolidaria a presença russa na região e abriria caminho para avanços em áreas densamente povoadas, como os bairros de alta concentração de edifícios, possibilitando a instalação de milhares de soldados. Enquanto isso, as forças ucranianas, incluindo unidades de reconhecimento, guerra eletrônica e pilotos de drones, teriam que recuar para áreas de floresta, tentando conter a expansão russa.
Oleksandr Kovalenko, analista militar ucraniano, afirma que uma derrota em Pokrovsk representaria o primeiro avanço operacional significativo desde a captura de Avdiivka, há mais de um ano.
Na análise dos especialistas, uma eventual evacuação da cidade pelos ucranianos pode impulsionar duas estratégias russas: uma tentativa de transformar a perda em uma vitória propagandística, negociando condições mais favoráveis com Kiev e o Ocidente, ou uma inspiração para novas ofensivas na região, incluindo cidades como Kramatorsk e Sloviansk, além de áreas próximas na região de Dnipropetrovsk.
Para pressionar Moscou, a Ucrânia tem realizado ataques a alvos estratégicos dentro do território russo, além de buscar obter armas de longo alcance, como os mísseis Tomahawk, com o apoio dos Estados Unidos. Apesar das perdas, analistas avaliam que Putin permanece confiante na conquista, o que mantém a possibilidade de novas ofensivas no horizonte.