Nova tempestade ameaça Filipinas, deslocando mais de 1,4 milhão de pessoas

Uma nova ameaça de tempestade tropical, conhecida como Fung-wong, atingiu as Filipinas uma semana após a passagem do Kalmaegi, que resultou em quase 200 mortes e deixou uma vasta região em estado de calamidade. O fenômeno, classificado como tufão pela meteorologia local, obrigou mais de 1,4 milhão de residentes a deixarem suas residências em áreas de risco.

Na última segunda-feira, a Defesa Civil regional divulgou que um deslizamento de terra na cidade de Kayapa, na região central de Luzon, soterrando uma casa e provocando a morte de duas crianças, foi uma das consequências do intenso clima causado pela tempestade. O fenômeno, conhecido localmente como Uwan, sucede imediatamente após o Kalmaegi, que na terça-feira anterior deixou um rastro de destruição ao atravessar o centro do arquipélago, causando a morte de aproximadamente 188 pessoas, principalmente na província de Cebu.

Além disso, cinco vítimas perderam suas vidas no Vietnã devido ao mesmo sistema meteorológico. A agência meteorológica do país, PAGASA, orientou os moradores de regiões costeiras e de baixa altitude a evacuarem-se para pontos mais elevados, além de suspenderem as atividades marítimas.

Ventos fortes e ondas perigosas foram previstos para as áreas de Luzon, a maior ilha filipina onde se encontra a capital Manila, assim como nas ilhas de Visayas e Siargao, renomada por suas ondas perfeitas para o surfe. Várias companhias aéreas, incluindo a Philippine Airlines, já anunciaram a suspensão de voos em função das condições adversas, enquanto as autoridades elevam o alerta, reforçando a necessidade de precauções.

A classificação do Fung-wong foi elevada para tufão na noite de sexta-feira, poucos horas depois de o Kalmaegi ter sido rebaixado. As Filipinas enfrentam uma sequência de eventos climáticos extremos; o Fung-wong se torna a 21ª tempestade nomeada a atingir o país neste ano, destacando a vulnerabilidade do arquipélago.

O fenômeno precede o Kalmaegi, que na última semana deixou um rastro de caos, destruindo comunidades inteiras e forçando o deslocamento de dezenas de milhares de pessoas. Durante a passagem da tempestade anterior, a maioria das mortes ocorreu por afogamento, agravado por canais de drenagem obstruídos e uma insuficiente compreensão dos alertas de emergência, segundo Bernardo Rafaelito Alejandro IV, vice-diretor do Escritório de Defesa Civil das Filipinas.

O país, conhecido por sua vulnerabilidade a inundações, vive atualmente um momento turbulento também por conta de um grande escândalo de corrupção vinculado a projetos de controle de enchentes, envolvendo legisladores, empresários e construtoras, que supostamente receberam propinas de fundos destinados a obras públicas.

Especialistas alertam que as mudanças climáticas antropogênicas, especialmente pelo aumento da temperatura dos oceanos, intensificam a frequência e a força de tempestades na região do Pacífico Ocidental, uma das áreas mais ativas do planeta.

O aquecimento global, impulsionado por atividades humanas, fornece energia extra para o fortalecimento dessas intempéries, aumentando o volume de chuvas e a severidade das enchentes em comunidades vulneráveis, como ocorreu na semana passada no Sudeste Asiático.