06/11/2025 20:44:30

Atualidade
06/11/2025 19:00:00

Especialistas recomendam mudança urgente em áreas vulneráveis devido ao colapso do solo na região dos Flexais

Relatório independente reforça ligação entre mineração predatória da Braskem e instabilidade do terreno, indicando necessidade de realocação rápida da população local

Especialistas recomendam mudança urgente em áreas vulneráveis devido ao colapso do solo na região dos Flexais

O professor e geólogo Marcos Eduardo Hartwig, docente do Departamento de Geologia na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), contribuiu na elaboração de um Relatório Independente solicitado pela Defesa Civil de Maceió, que analisa o colapso do solo na área dos Flexais.

Este documento, redigido por um grupo de cientistas do GFZ Helmholtz Centre Potsdam, Leibniz University Hannover, University of Leipzig (todos na Alemanha), além do INPE e UFES (Brasil), confirma que a estabilidade do solo nos bairros de Baixo e Cima dos Flexais foi comprometida devido às atividades de mineração predatória realizadas pela Braskem.

Recentemente, Hartwig respondeu a um questionamento enviado pelo Ministério Público Federal (MPF) a respeito do estudo. Sem hesitar, afirmou que a comunidade de Flexais deve ser evacuada com urgência, devido aos riscos atuais que enfrentam. A seguir, apresentamos a questão formulada pelo MPF e a resposta do especialista: "Existe algum setor que precise ser evacuado e que não consta no Mapa de Linhas de Ações Prioritárias elaborado pela Defesa Civil de Maceió?

Caso afirmativo, qual é essa área e quais critérios técnicos justificam essa recomendação?" O especialista explicou que o bairro dos Flexais, localizado no bairro Bebedouro, apresenta vulnerabilidades naturais a diversos processos geológicos.

A porção inferior do bairro, por sua natureza plana e construída sobre solos moles de depósitos fluviais-lagunares, está sujeita a inundações, além de estar próxima do nível da água na Lagoa Mundaú. Já a região superior, com relevo escarpado e sustentada por depósitos semi-consolidados da Formação Barreiras, sofre com erosões e movimentos de massa gravitacional.

Essas áreas experimentam deslocamentos verticais e horizontais, e, infelizmente, não foram incluídas no Mapa de Linhas de Ações Prioritárias. A confluência de movimentos devido à mineração de sal, agravada pela presença de minas de dissolução, aumenta ainda mais a vulnerabilidade do território.

Edifícios de padrão simples, mais suscetíveis a movimentos do solo, podem sofrer danos até mesmo com deslocamentos mínimos, conforme destacado no relatório. Diante dessa situação, a recomendação do geólogo é que a região dos Flexais seja incorporada na Zona 00 do referido mapa de ações prioritárias, visando uma intervenção mais efetiva.

Outro aspecto relevante é o projeto de lei, de autoria da vereadora Teca Nelma (PT), que já foi aprovado na Comissão de Assuntos Urbanos da Câmara Municipal de Maceió e está em tramitação para votação no plenário. A proposta visa criar um museu dedicado às comunidades afetadas pelo desastre ambiental causado pela Braskem. Segundo o relator, vereador Samyr Malta (Podemos), o museu terá como objetivo reunir objetos, fotos, vídeos, documentos e outros registros que retratem a trajetória das populações atingidas.

A iniciativa busca preservar a história dos bairros Pinheiro, Bebedouro, Bom Parto e Mutange, reconhecendo o sofrimento das famílias que tiveram suas residências destruídas. Malta destacou que a criação de um espaço memorial representa uma ação social e simbólica de grande importância, pois valoriza a memória urbana e contribui para a educação histórica das futuras gerações.

Após a aprovação no plenário, os parlamentares deverão indicar fontes de financiamento para erguer o museu. Antes de sua inauguração, o espaço receberá doações de materiais que contem a história, cultura e arquitetura dos bairros afetados, preservando suas memórias e reconhecendo os impactos provocados pela mineração da Braskem.