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Mundo
06/11/2025 00:00:00

Coreia do Sul considera construir submarinos com tecnologia nuclear apoiada por Washington

Apoio de Donald Trump impulsiona planos sul-coreanos frente à escalada militar na região do Nordeste Asiático

Coreia do Sul considera construir submarinos com tecnologia nuclear apoiada por Washington

Na busca por fortalecer sua capacidade militar frente à crescente ameaça representada pela Coreia do Norte, a Coreia do Sul avalia a construção de submarinos alimentados por energia nuclear, recebendo respaldo do governo dos Estados Unidos.

Durante uma visita à Ásia, o presidente americano Donald Trump manifestou publicamente sua aprovação à iniciativa, incentivando Seul a desenvolver sua primeira embarcação nuclear com suporte da nação norte-americana.

Trump declarou que a primeira unidade será montada nos estaleiros da Filadélfia, destacando seu apoio à estratégia de defesa sul-coreana. Em resposta, o governo de Seul respondeu rapidamente, enfatizando a importância de um submarino movido a energia nuclear para sua postura militar, conforme afirmou o ministro da Defesa, Ahn Gyu-back, em uma reunião com parlamentares na mesma data.

Embora atualmente a Coreia do Sul utilize submarinos convencionais movidos a diesel e energia elétrica, a introdução de unidades nucleares aumentaria sua velocidade e resistência, possibilitando uma resposta mais eficaz às provocações da Coreia do Norte, que ainda não emitiu uma declaração oficial sobre o tema. Analistas indicam que Pyongyang provavelmente irá reagir a essa mudança com outras ações militares.

A crescente corrida armamentista na região é motivo de preocupação entre especialistas. Andrei Lankov, professor de história e relações internacionais na Universidade Kookmin, em Seoul, afirmou que o conflito entre as duas Coreias e o avanço de suas forças armadas estão acelerando o aumento dos gastos militares na área.

Para Lankov, há um temor generalizado entre os aliados na região quanto ao comprometimento dos Estados Unidos com a segurança do Sudeste Asiático, especialmente à medida que Trump manifesta insatisfação com as alianças tradicionais, chegando a insinuar uma possível retirada de tropas americanas da região.

Essa postura de Washington alimenta a preocupação de que a Coreia do Sul possa buscar sua própria capacidade nuclear, especialmente diante do rápido avanço militar de Pyongyang, que expandiu seu arsenal de mísseis balísticos de combustível sólido e sua capacidade nuclear, com auxílio recente da Rússia, que, segundo indicações, fornece reatores compactos para futuros submarinos nucleares de Pyongyang.

Outro fator que contribui para o aumento da tensão é a estratégia militar da China, que busca consolidar sua influência no Leste Asiático através da modernização de suas forças armadas e do fortalecimento de seus sistemas de defesa em regiões como o Mar do Sul da China, onde realiza testes marítimos com seu porta-aviões Fujian e intensifica exercícios na área.

Enquanto isso, Taiwan e o Japão aumentam seus investimentos na área de defesa. Taipei tem ampliado seus gastos com a compra de caças F16V e bombas guiadas de precisão dos Estados Unidos, enquanto Tóquio reforça seu aparato militar com novos submarinos, mísseis avançados, drones e acordos de fornecimento de navios de guerra para a Austrália e negociações com a Nova Zelândia, além de fornecer sistemas de radar e aeronaves de patrulha às Filipinas, visando monitorar movimentos chineses na região.

O professor Pinkston, da Troy University em Seoul, alertou que o período de relativa estabilidade na Ásia está chegando ao fim. Segundo ele, muitos países que antes desfrutavam de paz agora investem pesadamente em defesa, com a possibilidade de que a aquisição de submarinos nucleares pela Coreia do Sul possa abrir caminho para o desenvolvimento de armas nucleares próprias, independentemente do compromisso de Seul com o Tratado de Não Proliferação Nuclear.

Pinkston também destacou a incerteza sobre as intenções do governo dos Estados Unidos, especialmente após o apoio inesperado de Trump à Coreia do Sul e ao programa de submarinos nucleares, que pode indicar uma mudança na política de Washington ou uma estratégia de negociação mais agressiva.

Assim, questiona se a Coreia do Sul continuará dependente de ajuda externa ou se avançará sozinha na obtenção de armas nucleares, considerando a possibilidade de enriquecer urânio com suporte dos EUA ou de desenvolver suas próprias ogivas nucleares, ampliando ainda mais seu arsenal estratégico.