O chefe de Estado iraniano, Masoud Pezeshkian, declarou neste domingo (2/11) que o país planeja erguer novamente as estruturas nucleares que sofreram danos em ataques coordenados pelos Estados Unidos e Israel em junho passado.
A manifestação representa uma resposta direta às advertências do presidente norte-americano Donald Trump, que havia ameaçado realizar novos bombardeios caso Teerã tentasse consertar as instalações atacadas, incluindo o centro de enriquecimento de urânio em Natanz e a planta nuclear de Isfahan.
O programa nuclear do Irã tem sido alvo de tensões constantes com o Ocidente há mais de vinte anos, especialmente após a revelação de instalações clandestinas de enriquecimento de urânio. Em abril, o país enriqueceu urânio a uma pureza de 83%, nível que excede as necessidades civis, embora ainda abaixo do necessário para armas nucleares.
Em maio, Teerã expulsou inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o que aumentou a preocupação internacional e levou a ameaças de sanções por parte de Washington e Tel Aviv.
Israel considera a programação nuclear iraniana uma ameaça existencial e, em junho, realizou uma ofensiva de 12 dias contra o país, com foco principalmente em suas instalações nucleares.
Bombardeiros B-2 dos EUA, capazes de atingir alvos subterrâneos, foram utilizados especialmente contra a usina de Fordo. Na época, Trump declarou que o programa nuclear iraniano tinha sido destruído, uma afirmação que foi contestada por Teerã, que admitiu apenas que os danos foram severos.
Contudo, não há avaliações independentes que confirmem a extensão da destruição, uma vez que o Irã interrompeu toda cooperação com a AIEA. No último sábado, o mediador tradicional do Irã, Omã, incentivou Washington e Teerã a retomarem as negociações para superar o impasse atual.
Este ano, ocorreram cinco rodadas de diálogos intermediados por Omã, sendo que apenas três dias antes da sexta tentativa, Israel deu início aos seus ataques. Para reforçar a pressão, as sanções da ONU contra o Irã foram reinstauradas em setembro, após o Reino Unido, Alemanha e França ativarem o mecanismo de 'retomada automática' devido à alegada não conformidade do país com o acordo nuclear de 2015, assinado com diversas potências globais.
Apesar de ter se comprometido a limitar seu programa, Teerã retomou o enriquecimento de urânio após os EUA deixarem o pacto em 2018, no primeiro mandato de Trump, levando a uma escalada nas tensões internacionais.