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Brasil
28/10/2025 14:00:00

Megaoperação com 100 mandados tem 56 presos, 20 mortos e 14 baleados no Alemão e na Penha

Megaoperação com 100 mandados tem 56 presos, 20 mortos e 14 baleados no Alemão e na Penha

A Operação Contenção, deflagrada pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro nesta terça-feira, mobilizou cerca de 2.500 agentes das polícias Civil e Militar nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte da capital. A ação conjunta tem como meta cumprir 100 mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho e retomar o controle estatal das comunidades.

Até o momento, o balanço parcial aponta 56 presos, 20 mortos e 14 pessoas baleadas — entre elas, criminosos, civis e policiais. Entre os detidos está Nikolas Fernandes Soares, conhecido como “Harley”, apontado como operador financeiro de Edgar Alves de Andrade, o “Doca”, uma das principais lideranças da facção. Outro alvo da operação é Luciano Martiniano da Silva, o “Pezão”, um dos chefes do tráfico no Alemão.

Durante as incursões, os agentes apreenderam 31 fuzis, duas pistolas, nove motocicletas, carregadores e grande quantidade de drogas. De acordo com a Polícia Civil, parte do arsenal foi localizada em um paiol no Complexo da Penha, onde três criminosos faziam a segurança de Doca.

O confronto resultou na morte de quatro suspeitos — dois oriundos da Bahia e um do Espírito Santo — e deixou outros quatro feridos, encaminhados sob custódia ao Hospital Getúlio Vargas. Três pessoas também foram atingidas por balas perdidas: a cabeleireira Kelma Rejane Magalhães, de 51 anos, baleada dentro de uma academia em Olaria; um homem ainda não identificado encontrado em um ferro-velho; e um morador de rua ferido nas costas.

Entre os agentes, sete ficaram feridos e dois morreram. O delegado Marcus Vinícius Carvalho, chefe da 53ª DP (Mesquita), conhecido como “Máskara”, não resistiu aos ferimentos. O delegado adjunto da DRE, Bernardo Leal, foi atingido de raspão na perna. Segundo o Hospital Getúlio Vargas, houve reforço emergencial no atendimento devido ao grande número de feridos.

Os confrontos também provocaram impactos na rotina dos moradores. Traficantes utilizaram drones para lançar granadas contra as forças de segurança, e o tiroteio pôde ser ouvido em bairros como Olaria, Bonsucesso, Ramos, Inhaúma e Del Castilho. Uma moradora relatou ter medo de sair de casa devido à troca de tiros.

A operação, que ocorre simultaneamente nas 26 comunidades dos dois complexos, também afetou escolas, unidades de saúde e o transporte público. A Secretaria Municipal de Educação informou que 45 escolas foram impactadas — 28 no Alemão e 17 na Penha — e uma unidade estadual precisou ser fechada. Cinco postos de saúde suspenderam as atividades e uma clínica da família segue aberta, mas sem visitas domiciliares.

O Rio Ônibus anunciou o desvio de 12 linhas para garantir a segurança de motoristas e passageiros. Entre as linhas com itinerário alterado estão a 312 (Olaria–Candelária), 313 (Penha–Praça Tiradentes), 621, 622, 623 e 625 (todas Penha ou Olaria–Saens Peña), além de outras que ligam os bairros à Zona Norte e ao Centro.

Participam da megaoperação o Comando de Operações Especiais (COE), o Batalhão de Operações Especiais (Bope), o Batalhão de Ações com Cães (BAC), a Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) e unidades especializadas de repressão à lavagem de dinheiro e inteligência. O apoio logístico inclui 32 blindados, dois helicópteros, drones, 12 veículos de demolição e ambulâncias do Grupamento de Salvamento e Resgate.

Segundo o governador Cláudio Castro, a operação é uma demonstração de força do Estado. “Estamos atuando de forma coordenada para reafirmar que quem manda é o Estado. Os verdadeiros donos desses territórios são os cidadãos de bem. Seguiremos firmes contra o crime organizado”, afirmou.

Os presos e o material apreendido foram encaminhados para a Cidade da Polícia, onde foi montada uma base operacional para acompanhar os desdobramentos da Operação Contenção, que segue em andamento.