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Mundo
22/10/2025 20:00:00

Crianças do Haiti enfrentam crise humanitária sem precedentes com aumento alarmante de recrutamento por grupos armados

Autoridades alertam para a necessidade urgente de ações internacionais para proteger os menores em meio ao colapso social, político e econômico do país

Crianças do Haiti enfrentam crise humanitária sem precedentes com aumento alarmante de recrutamento por grupos armados

Uma proporção de 75% das crianças haitianas necessita de assistência humanitária devido à grave crise que assola o país, segundo dados recentes. Em Porto Príncipe, uma mãe e seu filho encontram refúgio em uma estrutura municipal após fugirem das ondas de violência que assolam a região.

Em 14 de outubro de 2025, a escalada de conflitos no Haiti foi destacada por líderes internacionais, que enfatizaram a gravidade da situação. Roberto Benes, diretor regional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para a América Latina e o Caribe, fez um apelo veemente por uma intervenção global imediata, ressaltando que as vidas de jovens haitianos estão sendo drasticamente afetadas e seus futuros comprometidos.

Benes informou que o recrutamento de crianças por grupos armados cresceu 70% em apenas um ciclo de doze meses. Atualmente, mais de 3,3 milhões de menores necessitam de assistência emergencial, representando aproximadamente três em cada quatro crianças do país. Além disso, mais de 1,2 milhão de menores de cinco anos vivem em regiões afetadas por insegurança alimentar, uma situação que, segundo ele, representa vidas interrompidas e futuros apagados.

Crise esquecida e pouco atendida

Na semana passada, o Unicef divulgou um relatório especial que Benes descreveu como um forte apelo à ação, destacando a negligência internacional diante de uma das crises mais urgentes do mundo. O documento evidencia a vulnerabilidade das crianças haitianas, vítimas de décadas de instabilidade, desigualdades, catástrofes naturais e debilitamento das instituições do Estado.

O assassinato do presidente Jovenel Moïse, em 2021, aprofundou o caos político e permitiu que facções armadas controlassem bairros, portos e rotas essenciais, ampliando a insegurança. Desastres ambientais como o terremoto de 2010, o furacão Matthew em 2016 e o terremoto de 2021 destruíram infraestruturas e agravaram a crise humanitária, deixando comunidades completamente isoladas sem acesso a alimentos, água potável, saúde ou educação.

Atualmente, a desnutrição infantil está em níveis alarmantes, e um milhão de crianças enfrentam dificuldades para obter água limpa de forma regular, o que aumenta a vulnerabilidade a doenças e desnutrição severa.

Na capital, Porto Príncipe, confrontos entre gangues armadas continuam a causar medo e insegurança. Como explica Benes, o sistema escolar do Haiti entrou em colapso devido à violência, deslocamentos e à pobreza extrema, provocando fechamento de escolas e abandono escolar em grande escala.

Crianças muitas vezes não sabem se conseguirão frequentar uma escola segura ou sobreviver ao dia sem ficarem presas em tiroteios constantes, enquanto mais de 1.6 mil instituições de ensino permanecem afetadas ou ocupadas por grupos armados. O representante do Unicef lamenta que escolas e hospitais que deveriam oferecer proteção e cura estejam sob ataque contínuo, agravando ainda mais a crise humanitária.