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Acidente
20/10/2025 14:00:00

Crise nas empresas públicas sob Lula: causas e consequências de um déficit sem precedentes

Especialistas apontam má gestão, decisões políticas e cenário econômico global como fatores que agravaram a situação financeira das estatais no terceiro mandato do ex-presidente

Crise nas empresas públicas sob Lula: causas e consequências de um déficit sem precedentes

Durante a terceira administração de Luiz Inácio Lula da Silva, as empresas estatais sob controle federal acumularam um prejuízo histórico, chegando a uma cifra de R$ 18 bilhões, segundo dados do Banco Central.

Tal resultado reflete uma série de ações e fatores que contribuíram para esse cenário negativo. De acordo com análises de especialistas ouvidos pela CNN Money, a combinação de escolhas de investimento, elevação de despesas e interferências de cunho político têm sido as principais razões por trás desse recorde de déficit.

Sob essa gestão, as companhias públicas tiveram um déficit primário de R$ 18,5 bilhões, excluindo Petrobras e bancos públicos, marcando o pior desempenho em toda a série histórica. Recentemente, o pedido de socorro dos Correios, incluindo um empréstimo de R$ 20 bilhões e um plano de reestruturação, reacendeu debates sobre a administração dessas empresas e o impacto que isso pode ter sobre as finanças nacionais.

Para a economista Elena Landau, ex-diretora de privatizações do BNDES, a origem dessa crise vai além do cenário macroeconômico e está enraizada na própria filosofia de gestão das estatais. Ela aponta que muitas dessas empresas são tratadas como instrumentos de poder político, ao invés de negócios voltados para o mercado, evidenciado pelo elevado número de cargos comissionados por indicações internas.

Landau cita exemplos como os Correios, dizendo que o descontrole financeiro observado ali serve como estudo de caso do que ela chama de “descalabro administrativo”. Ela afirma que gastos excessivos em propaganda, pessoal e obras irrelevantes são escolhas feitas pelos gestores dessas entidades.

No entanto, ela discorda de interpretações que atribuem a má performance apenas a fatores externas, destacando que a gestão interna também desempenha papel fundamental. Jason Vieira, economista-chefe da Lev Asset Management, acrescenta que fatores estruturais, como aumento de custos devido à inflação e despesas com energia e insumos, agravaram a situação financeira dessas empresas.

Além disso, Vieira aponta a chamada “inércia regulatória” de algumas estatais, como os Correios, que dependem frequentemente de subsídios governamentais para sobreviver. Muitas dessas companhias possuem uma baixa competitividade e dependem de receitas não recorrentes, o que as torna vulneráveis às instabilidades políticas, incluindo nomeações por critérios políticos, muitas vezes sem a devida qualificação.

Especialistas também destacam que a deterioração financeira das estatais não se limita ao setor postal. Dados do Ministério da Gestão e Inovação, compilados pela CNN Money, revelam que empresas como CBTU, Embrapa, Infraero e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares também apresentaram prejuízos expressivos durante o governo Lula 3. Outro ponto de preocupação é o desempenho do Banco do Brasil, que sofreu uma queda de 60% no lucro do segundo trimestre em relação ao ano anterior, além de reduzir em 30% o pagamento de dividendos aos acionistas, devido à alta dos juros, atualmente em 15% ao ano, e ao aumento da inadimplência agrícola.

Vieira comenta que, na fase inicial do governo Lula, na virada dos anos 2000, as estatais apresentavam crescimento, investimentos e resultados sólidos, impulsionados pelo boom de commodities e pela herança fiscal positiva herdada de Fernando Henrique Cardoso. No entanto, a atual conjuntura econômica e as decisões internas parecem ter contribuído para o cenário de dificuldades atuais.

Por fim, Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Way Investimentos, reforça que a crise das estatais também reflete problemas de governança, investimentos mal planejados e uma gestão muitas vezes voltada para interesses políticos, dificultando a adoção de estratégias que possam transformar a situação e promover a sustentabilidade financeira dessas empresas.