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Acidente
18/10/2025 22:00:00

Tensão entre Afeganistão e Paquistão se Agrava com Novo Confronto Militar na Fronteira

Incidentes recentes resultaram em dezenas de vítimas e marcaram o episódio mais sério entre as duas nações desde a retomada do poder pelo Talibã em 2021, atraindo atenção internacional e comentários do governo dos EUA

Tensão entre Afeganistão e Paquistão se Agrava com Novo Confronto Militar na Fronteira

Nos últimos dias, intensificaram-se os confrontos na extensa fronteira de 2.600 km que separa o Afeganistão do Paquistão, levando a uma escalada de violência que deixou centenas de mortos, configurando o episódio mais grave de hostilidades entre ambas as nações desde a ascensão do Talibã ao controle de Cabul em 2021.

Essas ações militares e trocas de tiros aconteceram na noite de sábado (11), quando insurgentes do Talibã atacaram posições militares paquistanesas, provocando uma resposta rápida das forças de Islamabad. A batalha se prolongou até a madrugada de domingo (12), com o uso de armas de fogo, artilharia pesada e drones, e alguns combates isolados continuaram ao longo do domingo.

Recentemente, a tensão se intensificou após ataques paquistaneses a Cabul, com o alvo sendo o líder do grupo Talibã no país, cuja sobrevivência ainda não foi confirmada pelas autoridades locais. Segundo informações oficiais, o Paquistão reportou ter eliminado mais de 200 combatentes ligados ao Talibã, incluindo militantes considerados extremistas, superando substancialmente as nove baixas reconhecidas pelo grupo insurgente.

Da mesma forma, o Talibã afirmou ter matado 58 soldados paquistaneses, mais que o dobro das 23 baixas divulgadas por Islamabad, conforme dados do porta-voz Zabihullah Mujahid.

Na sequência dos confrontos, ambos os países concordaram na última sexta-feira (17) em prorrogar seu cessar-fogo de 48 horas, visando facilitar negociações que estão agendadas em Doha. Uma delegação paquistanesa já se encontra na capital do Catar, e uma equipe afegã está prevista para chegar na mesma cidade neste sábado. Este armistício temporário interrompeu uma série de confrontos violentos que causaram dezenas de mortes e feriram centenas ao longo das últimas semanas.

Historicamente, o grupo militante Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), formado por facções jihadistas do noroeste do Paquistão em 2007, tem mantido forte ligação com o Talibã afegão. Inspirado pelo grupo étnico pashtun que dominou o Afeganistão na década de 1990, o TTP adotou uma postura extremista, inclusive apoiando-se na ideologia da Al-Qaeda.

Nos anos seguintes, o grupo realizou ataques em mercados, mesquitas, aeroportos e bases militares, além de conquistar territórios no interior do país e na fronteira com o Afeganistão, incluindo o Vale do Swat, onde chegou a atacar a ativista Malala Yousafzai.

Desde a retomada do poder pelo Talibã no Afeganistão, a relação entre Islamabad e Cabul tem sido marcada por desconfiança. Enquanto o Paquistão celebrou a vitória do Talibã em 2021, considerando-a uma libertação, o governo de Islamabad logo percebeu que a lealdade do grupo afegão permanecia incerta, levando a um aumento nos ataques do TTP no território paquistanês. Autoridades paquistanesas afirmam que muitos líderes e combatentes do TTP operam no Afeganistão, enquanto o governo local nega qualquer influência do grupo dentro de suas fronteiras, apesar de acusações anteriores de apoio paquistanês às ações do Talibã no passado.

Além disso, Islamabad aponta a Índia como uma aliada do TTP e de outros militantes, alegando que Nova Délhi colabora com Cabul para apoiar grupos insurgentes contra o Paquistão. Essas acusações são negadas pela Índia, que atualmente mantém uma delicada relação diplomática com Islamabad. Recentemente, o ministro de Relações Exteriores do Afeganistão, Amir Khan Muttaqi, realizou uma visita de vários dias à Índia, numa tentativa de melhorar os vínculos diplomáticos, movimento que aumenta as preocupações no Paquistão sobre possíveis alianças regionais.

Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump comentou a situação, dizendo na manhã de domingo (12), ao decolar rumo ao Oriente Médio, que há um conflito em curso entre o Paquistão e o Afeganistão. Ele afirmou que aguardará seu retorno para avaliar a crise, brincando que é habilidoso em resolver guerras, em uma tentativa de minimizar a tensão internacional.

Essa escalada de violência ocorre num contexto de preocupação global, enquanto a comunidade internacional observa com atenção os desdobramentos na região, que se tornou foco de instabilidade e potencial expansão de grupos extremistas.