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Mundo
18/10/2025 09:00:00

Crianças no Haiti enfrentam grave crise humanitária, com alta incidência de recrutamento por grupos armados

Autoridades internacionais alertam para o impacto devastador nas vidas jovens diante do agravamento da violência, fome e colapso de serviços básicos

Crianças no Haiti enfrentam grave crise humanitária, com alta incidência de recrutamento por grupos armados

Segundo dados recentes, uma em cada quatro crianças haitianas necessita de assistência humanitária urgente. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), representado pelo seu diretor regional para a América Latina e o Caribe, fez um apelo veemente por uma resposta internacional rápida, ressaltando que as jovens vidas no Haiti estão sendo interrompidas e seus futuros, ameaçados.

Uma alarmante elevação de 70% no recrutamento de menores por grupos armados foi registrada em apenas doze meses. Na última terça-feira, o representante do Unicef destacou que mais de 3,3 milhões de crianças dependem de ajuda humanitária, o que corresponde a 75% da população infantil do país. Além disso, mais de 1,2 milhão de menores de cinco anos vivem em regiões marcadas pela insegurança alimentar, agravando ainda mais a situação de vulnerabilidade.

Roberto Benes destacou que esses números representam não apenas estatísticas, mas vidas interrompidas e futuros apagados. Ele enfatizou a necessidade de ações concretas e urgentes para proteger milhões de menores afetados pela violência, deslocamento e o colapso dos serviços essenciais. Em Nova York, o dirigente reforçou que é imprescindível atuar para restabelecer o acesso a recursos seguros, ampliar fundos de ajuda, proporcionar abrigo adequado, oferecer suporte psicológico e garantir o direito à educação às crianças deslocadas.

A reconstrução de serviços básicos como saúde, saneamento, água potável e educação também foi destacada como prioridade. Na semana anterior, o Unicef divulgou um relatório especial que Benes descreveu como um apelo à ação, expondo a gravidade da crise infantil no Haiti, considerada uma das mais negligenciadas do cenário mundial. O documento evidencia décadas de instabilidade política, desigualdades econômicas, desastres naturais e o enfraquecimento das instituições, que levaram o país à beira do colapso.

O assassinato do presidente Jovenel Moïse, em 2021, foi um marco que desencadeou uma onda de violência sem precedentes, deixando um vazio de poder e permitindo que grupos armados dominassem bairros, portos e acessos rodoviários. Desastres ambientais, como o terremoto de 2010, o furacão Matthew em 2016 e outro terremoto em 2021, destruíram infraestrutura vital e agravaram a crise humanitária.

O impacto é devastador: milhares de famílias estão isoladas, sem acesso a alimentos, água potável, saúde ou educação. A taxa de desnutrição infantil disparou, e mais de um milhão de crianças vivem sem acesso regular a água segura, aumentando o risco de doenças severas e desnutrição. O sistema educacional está em colapso, agravado por conflitos, deslocamentos e pobreza, levando ao fechamento de escolas e ao abandono escolar em larga escala.

Mais de 1.6 mil escolas foram afetadas pela violência, muitas ocupadas por grupos armados, tornando as instituições que deveriam proteger as crianças locais símbolos de insegurança. As escolas, que poderiam servir como refúgios seguros, permanecem fechadas, enquanto hospitais sob ataque dificultam o tratamento de pacientes, contribuindo para a deterioração geral da assistência à saúde. No bairro de Delmas 3, na capital Porto Príncipe, gangues armadas continuam a exibir suas armas, demonstrando o risco constante de confrontos e violência urbana que assola a população jovem haitiana.