De acordo com o diário "The New York Times", Donald Trump revelou, sem grandes esforços para negar, que autoriza operações secretas da CIA na Venezuela com o objetivo de derrubar Nicolás Maduro.
A confirmação do presidente americano de que a espionagem e ações clandestinas estão em andamento representa um caso inédito na história, onde um líder global admite publicamente uma intervenção encoberta. Pouco tempo após a publicação da matéria, Trump confirmou que de fato apoiou tais operações e se mostra tranquilamente convicto de sua postura, indicando que continuará com esse curso de ação.
Em sua justificativa, Trump apresentou duas alegações pouco convincentes: a primeira, de que o governo venezuelano teria esvaziado prisões e hospitais psiquiátricos para mandar internos e pacientes aos Estados Unidos — uma narrativa que lembra histórias de assombrações urbanas, mas que, vinda de um chefe de Estado, soa surreal.
A segunda justificativa aponta que uma grande quantidade de drogas estaria chegando à América do Norte via mar, e que, portanto, seria necessário atuar também por terra para interromper essa rota de tráfico. Essa declaração sinaliza a intenção de uma invasão terrestre, uma ação que, ao contrário do que se pensa, não se trata de uma mera ameaça, mas de uma possibilidade concreta. Antes de divulgar suas intenções,
Trump mobilizou a maior força militar em três décadas na América Latina, com aproximadamente 10 mil soldados posicionados em regiões como Porto Rico e Trinidad e Tobago, aguardando ordens para atuar. Além disso, na véspera, o presidente anunciou a morte de 11 pessoas em um ataque a uma embarcação próxima às costas venezuelanas, alegando que ela traficava drogas — embora detalhes sobre essa operação permaneçam desconhecidos, já que a própria Venezuela não possui seus representantes vivos para se manifestar.
Tais ações aumentam as tensões e a instabilidade na região, incluindo o Brasil, que já enfrenta momentos difíceis devido a esse clima de conflito. Ainda, Trump planeja estabelecer uma base de combate ao tráfico no Paraguai, próximo à fronteira com o Brasil, na cidade de Foz do Iguaçu. Caso declare que o Brasil abriga organizações de narcoterrorismo, ações militares podem ser ampliadas por aqui também.
Na última quarta-feira (15), Maduro declarou que não deseja conflito com ninguém, embora sua postura anterior sugerisse uma maior resistência. Ainda assim, o líder venezuelano sabe que está na mira dos Estados Unidos, que já fizeram história ao derrubar outros ditadores, como Saddam Hussein.
Nos anos 2000, a justificativa de Washington para a invasão do Iraque foi a suposta existência de armas nucleares, mas até hoje esse arsenal nunca foi comprovado. Em ambos os casos, por trás das ações militares, o que prevalece é o interesse de garantir o acesso a recursos estratégicos, como o petróleo, que continua sendo uma prioridade para o poder global.
Líderes autocratas aliados de Washington permanecem livres para perseguir seus próprios povos, contanto que os interesses econômicos americanos sejam preservados. Após receber o Nobel da Paz na semana passada, a ativista venezuelana Maria Corina Machado, opositora de Maduro, solicitou publicamente a Trump que intervenha para remover o líder do poder, uma hipótese que poderia desencadear uma guerra.
Essa solicitação ocorre em meio ao apoio de uma laureada com o Nobel, uma premiação que também foi dedicada ao próprio Trump. E, enquanto isso, as forças americanas continuam mobilizadas no Caribe, reforçando o clima de tensão na região.