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Acidente
16/10/2025 11:00:00

Procedimento de remoção de catarata contribui para melhorias na qualidade do sono e na saúde geral

Estudo revela que cirurgia ocular reduz problemas de visão e favorece o bem-estar cardiovascular

Procedimento de remoção de catarata contribui para melhorias na qualidade do sono e na saúde geral

Uma pesquisa internacional, conduzida na cidade de Nara, no Japão, demonstra que a cirurgia para remoção da catarata não só restaura a visão, como também promove avanços na qualidade do sono e diminui o risco de doenças sistêmicas relacionadas.

Os resultados, publicados na revista JAMA Ophthalmology, órgão oficial da AAO (Academia Americana de Oftalmologia), destacam os benefícios associados ao procedimento em indivíduos com 60 anos ou mais. No Brasil, dados de uma análise transversal realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) indicam que 58,6% dos cidadãos com idade igual ou superior a 60 anos enfrentam dificuldades de sono, incluindo insônia, baixa qualidade do descanso e sonolência diurna.

Essas questões representam um desafio de saúde pública importante, afetando uma parcela significativa da população idosa. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier, em Campinas, os efeitos positivos da cirurgia vão além da melhora na visão. Ele explica que a opacidade do cristalino, característica da catarata, reduz a entrada de luz azul natural na retina. Essa diminuição impacta a produção do fotopigmento melanopsina, que é vital para a regulação do relógio biológico.

Menor quantidade de melanopsina resulta em uma produção reduzida de melatonina, hormônio essencial para o sono, o que explica a relação entre visão embaçada e distúrbios do sono. “É a melanopsina que detecta a luz e ajuda a manter nosso ritmo circadiano alinhado ao ciclo diurno.

Quando a luz não chega adequadamente aos olhos, o organismo sofre consequências como a alteração do ciclo sono-vigília, além de aumentar a produção de radicais livres e reduzir os mecanismos antioxidantes, como glutationa e catalase, que protegem o cristalino”, esclarece o especialista. A pesquisa envolveu 169 participantes, com uma média de idade de 75 anos, sendo 97 homens (57,4%) e 72 mulheres (42,6%).

Todos apresentavam catarata avançada, sem outras condições oculares como glaucoma ou opacidade na córnea, que pudessem interferir nos resultados. Após a cirurgia, os níveis de melatonina urinária foram medidos três meses depois, e os exames revelaram que os pacientes operados apresentaram, em média, o dobro da quantidade de melatonina em comparação ao grupo controle, indicando uma melhora na produção do hormônio e, por consequência, na saúde geral. Queiroz Neto enfatiza que a deficiência de sono, muitas vezes associada à baixa produção de melatonina, tem impactos negativos como aumento de peso, elevação da glicemia e maior propensão a doenças cardiovasculares.

Por isso, ele destaca que a melhora na visão, promovida pela cirurgia, pode ter efeitos benéficos além da estética ocular. Quando uma pessoa deve considerar a intervenção cirúrgica? Segundo o especialista, não há uma idade específica. A catarata subcapsular, por exemplo, tende a causar maior fotofobia e, portanto, recomenda-se a cirurgia antes que os efeitos prejudiquem atividades cotidianas, como leitura, uso de dispositivos eletrônicos ou direção de veículos à noite. Os sintomas mais comuns incluem visão embaçada, necessidade frequente de troca de óculos, dificuldade em perceber contraste em ambientes escuros, sensibilidade à luz, alterações na percepção de cores e problemas ao dirigir à noite.

A decisão de realizar a cirurgia deve ser feita a partir de sinais de que a visão prejudica atividades diárias. Para isso, Queiroz Neto ressalta que a operação de catarata é uma das mais realizadas e seguras globalmente.

O procedimento consiste na aplicação de anestesia tópica com colírios, além de sedação, sendo realizado com incisões mínimas de aproximadamente 2 mm na córnea. O cristalino opaco é removido por aspiração e uma lente intraocular dobrável é implantada no saco capsular, onde ficava o cristalino natural. Ele finaliza enfatizando a importância de seguir rigorosamente as recomendações médicas, especialmente quanto ao uso dos colírios prescritos, para evitar complicações.