O Dia dos Professores, celebrado nesta quarta-feira (15), serve como momento de reflexão sobre uma questão que tem se tornado cada vez mais urgente: o crescimento de episódios de exaustão emocional e problemas de saúde mental entre os profissionais do ensino brasileiro. Ao invés de uma comemoração, a data reforça os alertas sobre o bem-estar desses educadores.
Segundo uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), com base em dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mais de 150 mil professores da rede pública foram afastados do trabalho em 2023 por motivos relacionados à saúde mental.
Os quadros de esgotamento, associados à depressão e à síndrome de burnout, lideram a lista de razões para tais afastamentos. A psicopedagoga Ariane Meneghetti, que integra o Núcleo de Apoio e Atendimento Psicopedagógico (NAAP) na Estácio, observa que o adoecimento psicológico entre os docentes deixou de ser uma ocorrência isolada para se tornar uma situação frequente.
Ela explica que a profissão de professor, geralmente vista como uma atividade transformadora, tem sido marcada por pressões crescentes, levando ao esgotamento emocional, além de afetar a saúde física e mental dos educadores. A carga de trabalho dos professores ultrapassa o ambiente da sala de aula.
Além de ministrar aulas, eles desempenham papéis de conselheiros, mediadores e até suporte para famílias em situação de vulnerabilidade. A escassez de recursos, salários baixos e a ausência de diálogo efetivo com a gestão escolar agravam essa condição.
Ainda, o desafio da inclusão de estudantes com necessidades especiais, muitas vezes sem o preparo ou recursos adequados, tem contribuído para o aumento do desgaste. A crise sanitária provocada pela Covid-19 agravou essa realidade.
A transição para o ensino remoto, o isolamento social e o receio de contágio intensificaram episódios de ansiedade e depressão, além de gerar uma sensação de perda de propósito na rotina profissional. Mesmo após o retorno às aulas presenciais, muitos professores continuam enfrentando fadiga extrema e desmotivação. Diante desse cenário, Ariane defende que o cuidado com a saúde mental dos educadores deve fazer parte das estratégias de política educacional.
Ela cita o NAAP como exemplo de iniciativa que oferece suporte psicológico e psicopedagógico tanto para professores quanto para estudantes. Para ela, campanhas isoladas não são suficientes; é fundamental promover uma cultura de acolhimento, que inclua espaços de escuta, grupos de apoio e flexibilização da carga horária.
Especialistas reforçam que valorizar os profissionais da educação também implica proporcionar condições de trabalho justas e promover o equilíbrio emocional. Cuidar dos professores, afirmam, é essencial para assegurar a qualidade do ensino no país.