Durante o Outubro Rosa, uma pesquisa conduzida no estado de São Paulo revelou discrepâncias significativas no reconhecimento e no tratamento do câncer de mama entre mulheres atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e aquelas que recorrem à rede privada.
Os resultados indicam que as mulheres do setor público recebem diagnósticos em fases mais avançadas do que as pacientes do setor privado. De acordo com o levantamento, aproximadamente 41% das mulheres que utilizam os serviços privados tiveram detecção precoce da doença, enquanto no SUS essa proporção caiu para cerca de 20%.
Além disso, os registros mostraram que cerca de 17% dos casos na rede privada eram de câncer em estágio avançado, ao passo que na rede pública esse dado atinge 30%, evidenciando atrasos na realização de exames e na chegada ao tratamento adequado.
Dados de sobrevida também revelaram que a taxa de sobrevivência a 10 anos alcança 55% na rede privada, enquanto no SUS esse índice não ultrapassa 40%. Especialistas atribuem essa diferença ao estágio de desenvolvimento do câncer no momento do diagnóstico e à rapidez na iniciação do tratamento.
Outro aspecto preocupante apontado pelo estudo é a maior incidência de diagnósticos em fases avançadas entre as mulheres do sistema público, o que aumenta o risco de óbito. Gustavo Nader Marta, presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia e coordenador da pesquisa, destaca que essa desigualdade reflete uma problemática estrutural mais ampla.
Ele afirma: “Ao compararmos as mulheres atendidas pelo sistema público e pelo setor privado, observamos que, mesmo quando o câncer é detectado na mesma fase, as pacientes do SUS apresentam maior probabilidade de mortalidade.”
O movimento Outubro Rosa, que tradicionalmente foca na conscientização sobre o câncer de mama, reforça a importância do atendimento integral à saúde da mulher, além de promover ações de prevenção e cuidado mais abrangentes.