O Ministério da Saúde apresentou nesta semana, em São Paulo, uma nova campanha nacional para incentivar a doação de órgãos. A iniciativa busca diminuir a recusa familiar, que ainda atinge 45% dos casos no país. O lançamento ocorreu no Hospital do Rim, com a presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Segundo o ministro, a mensagem central é transmitir confiança às famílias sobre a seriedade do Programa Nacional de Transplantes, reconhecido internacionalmente pela segurança. Ele reforçou que no Brasil não existe comércio ou tráfico de órgãos, e que o sistema público consolidou um modelo sólido e transparente.
De acordo com o médico José Medina Pestana, superintendente do Hospital do Rim, a maior razão da recusa está no desconhecimento da vontade da pessoa falecida. Ele explicou que não há mais dúvidas sobre a morte encefálica, nem barreiras culturais ou religiosas significativas, mas sim a falta de comunicação em vida. Por isso, a campanha enfatiza a importância de manifestar esse desejo à família.
Durante o evento, o ministro assinou uma portaria que institui a Política Nacional de Doação e Transplantes, primeira regulamentação específica desde 1997. A nova política organiza princípios do Sistema Nacional de Transplantes, reforçando ética, anonimato e gratuidade no acesso pelo SUS. Entre os avanços estão a inclusão dos transplantes de intestino delgado e multivisceral na rede pública e o uso rotineiro da membrana amniótica em pacientes queimados, especialmente crianças.
Padilha também destacou que a redistribuição macrorregional dos órgãos vai agilizar os transplantes e ampliar o acesso em regiões que realizam menos procedimentos. Além disso, foi lançado o Programa Nacional de Qualidade na Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Prodot), que prevê incentivo financeiro a equipes hospitalares que identificam doadores e elevam os índices de captação.
O Brasil ocupa atualmente a terceira posição mundial em número absoluto de transplantes, atrás apenas de Estados Unidos e China, mas é líder quando considerados apenas os realizados pelo sistema público. Só no primeiro semestre deste ano, foram feitos 14,9 mil transplantes, o maior volume já registrado. Ainda assim, mais de 80 mil pessoas aguardam por um órgão no país.
Com o slogan “Doação de Órgãos. Você diz sim, o Brasil inteiro agradece. Converse com a sua família, seja um doador”, a campanha começa a ser veiculada ainda em setembro, mês em que se celebra o Dia Nacional da Doação de Órgãos, no dia 27.