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Educação
28/09/2025 22:00:00

Educação Infantil como Ferramenta Essencial para Combater a Crise Climática

Preparar as Novas Gerações para Enfrentar os Desafios Ambientais é Prioridade na Educação Global

Educação Infantil como Ferramenta Essencial para Combater a Crise Climática

Ao longo dos últimos dois séculos, a humanidade promoveu transformações significativas no planeta, muitas delas beneficiando a sociedade, mas outras deixando um rastro de prejuízos ambientais. Indústrias, veículos, navios, aviões e outras fontes de energia que elevaram o padrão de vida também contribuíram para a degradação do meio ambiente, criando problemas atuais que tendem a se agravar futuramente.

A variedade de poluição gerada pela civilização moderna é vasta, porém, uma das mais preocupantes está relacionada às mudanças climáticas, causadas principalmente por gases como o dióxido de carbono (CO2) e o metano, que permanecem na atmosfera por períodos de até 800 e 100 anos, respectivamente. Assim, a responsabilidade por esses efeitos recairá sobre gerações que ainda estão por nascer ou que ainda têm pouca idade.

Como podemos preparar essas crianças para lidar com as consequências do legado ambiental que estamos deixando? Embora o tema seja complexo, a solução é relativamente direta: integrar o sistema educacional para desenvolver habilidades que, hoje, são exclusivas de especialistas.

No futuro, entender a conexão entre as atividades profissionais e a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas será essencial para todos os trabalhadores. Desde as décadas de 1960 e 1970, pesquisadores e ativistas ambientais vêm alertando sobre o impacto do aquecimento global. Um marco importante foi a assinatura do Protocolo de Kyoto, em 1997, por 141 representantes de 175 países, comprometendo-se a reduzir suas emissões de carbono. O tratado entrou em vigor em 2004, após a ratificação pela Rússia, formando um grupo responsável por mais da metade das emissões globais de CO2. Naquela época, o foco principal era conscientizar cientistas e governantes sobre os riscos do aumento de até 1,5°C na temperatura média do planeta desde a era pré-industrial. Superar esse limite resultaria em mudanças climáticas mais severas, com furacões mais intensos, chuvas extremas, secas prolongadas, perda de vidas humanas e migração forçada devido às condições extremas.

Segundo o pesquisador e ativista Carlos Rittl, que foi secretário executivo do Observatório do Clima no Brasil por mais de seis anos, a situação não é mais futurista: "Os efeitos das alterações climáticas já estão presentes, manifestando-se através de tempestades violentas e enchentes devastadoras." Recentes eventos na Bahia, Minas Gerais e na região serrana do Rio de Janeiro exemplificam que a crise climática não é uma ameaça distante, mas uma emergência imediata.

Além disso, o agravamento das secas no Rio Grande do Sul e o aumento das queimadas em regiões como o Pantanal e a Amazônia reforçam a urgência de ações concretas. Apesar de décadas de debates e acordos internacionais, há ainda quem negue a influência humana no clima. Rittl destaca que a questão deixou de ser discutida: "Não há mais dúvida de que as atividades humanas contribuem para as mudanças climáticas.

O que importa agora é que governos, empresas e sociedade estejam prontos para enfrentar os eventos extremos e reduzam o uso de combustíveis fósseis, além de outras ações que emitam gases de efeito estufa." Este compromisso de responsabilidade ambiental é uma tarefa de todas as gerações atuais, que deverão também assegurar que as futuras estejam preparadas.

Em 2021, o deputado Carlos Veras, do PT de Pernambuco, propôs na Câmara uma alteração na Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, que incluiria a temática das mudanças climáticas nos currículos escolares.

A proposta sugeria que assuntos relacionados aos direitos humanos, às mudanças ambientais e à prevenção da violência contra crianças, adolescentes e mulheres fossem abordados de forma transversal, por meio de materiais didáticos específicos para cada fase de ensino.

Ainda em tramitação, essa iniciativa poderia criar uma base legal para que o Ministério da Educação desenvolvesse instrumentos que capacitassem professores e escolas a tratar o tema de maneira interdisciplinar.

Especialistas como a educadora ambiental Mônica Pilz Borba, fundadora do Instituto 5 Elementos, de São Paulo, concordam com a necessidade de ampliar a atuação na formação ambiental. Para ela, o ensino deve ir além de tópicos específicos, abordando de maneira transversal os limites do planeta em todas as áreas do conhecimento, reforçando a conexão entre o meio ambiente e as disciplinas escolares.

Borba enfatiza que preparar as novas gerações para atuar na resolução dos problemas ambientais presentes em todos os biomas terrestres é uma prioridade. "Ignorar os problemas graves deixados para o futuro é inadmissível," ela afirma, destacando que é fundamental também fornecer informações e ferramentas aos adultos, garantindo uma compreensão multidisciplinar dos desafios.

O professor Pedro Jacobi, da USP, reforça que a mudança climática não será resolvida rapidamente nem pelas atuais gerações adultas. Para ele, preparar os jovens para esse cenário é uma responsabilidade intergeracional, pois eles precisarão atuar em diversas frentes ao ingressar no mercado de trabalho.

Segundo Jacobi, o sistema de ensino deve ser continuamente atualizado, com formação de professores e ampliação do conhecimento sobre as questões ambientais, desde o ensino fundamental até as universidades. Ele lembra que há anos escreve artigos destacando a importância de abordar temas ambientais na educação básica, apoiando professores com materiais didáticos e promovendo o diálogo interdisciplinar.

Para ele, o papel do jornalismo é fundamental na formação de uma visão integrada, que transcenda simples discussões ambientais. Entender o que são as mudanças climáticas é crucial. O clima terrestre sempre passou por variações, mas atualmente, essas alterações ocorrem de forma acelerada, impulsionadas principalmente pelo uso de combustíveis fósseis, como carvão e petróleo, que emitem CO2 ao serem queima. O desmatamento e o lançamento de resíduos em aterros também contribuem significativamente, liberando dióxido de carbono e metano, ambos responsáveis por intensificar o efeito estufa.

Segundo um relatório da ONU de 2018, especialistas de diversos países concordaram que limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C ajudaria a evitar os piores impactos climáticos, como enchentes, furacões, secas e elevação do nível do mar. No cenário atual, prevê-se um aumento médio de 4,4°C, o que representaria uma catástrofe global.

Para inverter esse quadro, é imprescindível que os estudantes tenham acesso a conhecimentos específicos, de forma clara e objetiva, para que possam atuar em suas futuras profissões com consciência ambiental, contribuindo para a mudança de padrão de consumo e produção.