A nação da Moldávia se prepara para exercer seu direito ao voto, em uma eleição decisiva que determinará o rumo político do país, marcado por uma forte polarização entre alinhamentos com a União Europeia e tendências pró-Rússia.
Este processo eleitoral, considerado o mais importante desde a independência de 1991, ocorre em um momento de instabilidade e influência de campanhas de desinformação. No domingo (28/09), cidadãos de uma população de aproximadamente 2,4 milhões irão às urnas para escolher sua nova assembleia legislativa.
A atual governante, Maia Sandu, conquistou a reeleição na eleição presidencial de 2024, obtendo uma vitória apertada. Além disso, a população votou em referendo, aprovando por uma pequena margem a entrada do país na União Europeia. As pesquisas feitas na Moldávia revelam uma alta taxa de indecisos, dificultando a previsão do resultado final. Apesar de o Partido Ação e Solidariedade (PAS) liderar as preferências, há a possibilidade de perder a maioria absoluta conquistada em 2021.
Os grupos com maior chances de obter representação no parlamento incluem o Bloco dos Patriotas e o Bloco Eleitoral Alternativo, liderado pelo prefeito de Chisinau, Ion Ceban, ambos com inclinações pró-Rússia.
Outra força potencial é o Novo Partido (PN), liderado pelo empresário Renato Usatii, conhecido por sua fortuna adquirida na Rússia. Sua postura é populista e imprevisível, podendo influenciar significativamente o curso político do país dependendo do resultado das urnas. Maia Sandu alertou que estas eleições representam um momento crucial para a democracia moldava, advertindo que uma derrota poderia abrir espaço para a influência russa se consolidar na nação. Ela também destacou que a vitória do Kremlin seria uma ameaça à integração do país com a Europa.
Por sua vez, representantes pró-Rússia, como Igor Dodon, ex-presidente e líder do Partido dos Socialistas (PSRM), propagam teorias conspiratórias, incluindo alegações de uma suposta ditadura apoiada por Maia Sandu e pelo partido liberal. Dodon promove discursos que exaltam a nostalgia soviética, a lealdade ao Kremlin e uma mistura de populismo de direita, frequentemente terminando seus vídeos com a saudação ortodoxa “Deus ajude”.
A influência russa na moldável política interna é evidenciada por ações como a compra ilícita de votos através de aplicativos, com mais de 300 mil eleitores cadastrados na tentativa de manipular o resultado eleitoral. Essa operação, atribuída ao empresário Ilan Sor, que possui histórico de corrupção na Moldávia, é considerada uma ação de ataque híbrido do Kremlin contra a soberania do país.
A situação de vulnerabilidade da Moldávia é agravada pelo fato de que a Rússia mantém cerca de 1,5 mil soldados na região separatista da Transnistria, além de um arsenal de armas considerável. Moscou vê o país como uma potencial nova frente de conflito contra a Ucrânia, especialmente diante do crescimento do valor estratégico da Moldávia desde 2022. A campanha eleitoral também é marcada por uma intensa disseminação de notícias falsas, principalmente nas redes sociais, como TikTok, onde vídeos propagam narrativas de que Maia Sandu e o PAS representam corrupção e responsáveis pela pobreza nacional.
Essas informações contrastam com os esforços recentes da presidente e do partido de combaterem a corrupção, além de enfrentarem os efeitos econômicos da invasão russa na Ucrânia, que elevou os preços de energia e interrompeu o fornecimento de gás russo no início de 2025. Ainda assim, figuras como Dodon continuam negando as evidências e promovendo discursos de resistência ao alinhamento europeu, enquanto a influência russa tenta manipular os processos eleitorais.
As ações de Moscou incluem ameaças públicas e a tentativa de desacreditar as instituições democráticas moldavas, além de financiar campanhas de desinformação e manipulação de votos.
O desfecho dessas eleições será decisivo para determinar se a Moldávia seguirá no caminho de integração com a União Europeia ou retornará às influências e alianças com Moscou, num cenário de crescente tensão e disputa por influência na região do Leste Europeu.