O Banco Central anunciou que o déficit na balança comercial do Brasil diminuiu para US$ 4,669 bilhões em agosto, marcando uma redução significativa em relação aos US$ 7,516 bilhões registrados em julho. Este é o menor valor para o mês desde 2023, quando o saldo negativo foi de apenas US$ 585 milhões. De acordo com o Boletim de Estatísticas do Setor Externo divulgado nesta sexta-feira (26/9), o resultado reforça uma melhora na condição financeira do país.
Apesar do saldo negativo acumulado no ano alcançar US$ 46,810 bilhões, a proporção do déficit em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 3,66% em julho (dados revisados) para 3,51% em agosto, atingindo a menor porcentagem desde janeiro, quando o índice era de 3,36%.
O documento também aponta que a balança comercial apresentou superávit de US$ 5,466 bilhões em agosto, contribuindo para o saldo positivo geral. Contudo, a conta de serviços registrou um déficit de US$ 4,189 bilhões e a de renda primária fechou o mês com resultado negativo de US$ 6,343 bilhões. Ainda, a conta financeira encerrou o período no vermelho, com um déficit de US$ 7,957 bilhões.
Fernando Rocha, responsável pelo Departamento de Estatísticas do Banco Central, explicou que a melhora na conta corrente foi impulsionada principalmente pelos avanços na balança comercial e na conta de serviços. Por outro lado, a conta de renda primária apresentou uma piora, passando de US$ 6 bilhões para aproximadamente US$ 6,4 bilhões, conforme detalhado pelo especialista.
Ele destacou que a trajetória recente da conta corrente foi influenciada sobretudo pela redução nas importações, o que teve impacto direto na melhora do saldo, reforçando a importância do comportamento das transações comerciais internacionais.
Além disso, o fluxo de Investimentos Diretos no País (IDP) atingiu US$ 7,989 bilhões em agosto, elevando o total acumulado para US$ 52,649 bilhões em 2025. Em doze meses, o valor totalizou US$ 69,033 bilhões, representando 3,18% do PIB. Rocha comentou que o ingresso de recursos em agosto se manteve semelhante ao mesmo período do ano anterior, apesar de alguns componentes apresentarem variações. Os novos investimentos em participação acionária duplicaram, de US$ 1,1 bilhão em agosto de 2024 para US$ 2,3 bilhões neste ano, enquanto os lucros reinvestidos e operações entre empresas tiveram uma redução.
Dados do Banco Central indicam ainda uma saída líquida de US$ 161 milhões na aquisição de ações brasileiras por investidores estrangeiros em agosto, em contraste com o ingresso de US$ 592 milhões no mesmo mês do ano anterior. Nos fundos de investimento, o fluxo também foi negativo, com uma saída de US$ 304 milhões, após um resultado positivo de US$ 217 milhões em agosto de 2024. Já os títulos de renda fixa negociados no mercado doméstico tiveram uma entrada líquida de US$ 3,330 bilhões, maior do que os US$ 2,032 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.
Para o período de janeiro a agosto de 2025, o saldo de investimentos estrangeiros em ações está negativo em US$ 1,625 bilhão, enquanto os fundos de investimento apresentaram uma saída de US$ 1,144 bilhão. Em contrapartida, a entrada líquida em títulos de renda fixa totalizou US$ 9,258 bilhões no mesmo intervalo.
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