Em uma ação coordenada, a Polícia Federal conseguiu apreender aproximadamente 100 quilos de cocaína a bordo de um navio de transporte de gado, durante sua passagem pelo porto de Barcarena, no Estado do Pará.
A substância ilícita estava guardada em duas bolsas à prova d'água, ocultas na câmara de captação de água destinada ao resfriamento dos motores da embarcação, localizada na parte inferior da linha de flutuação.
As informações foram fornecidas por Lucas Martins. A operação foi realizada na margem direita do rio Pará, uma região de importância estratégica que liga as áreas de produção agrícola e extrativista da Amazônia às rotas de exportação internacionais.
De acordo com os agentes envolvidos, o carregamento tinha como destino o Oriente Médio, onde o valor por quilo do entorpecente pode chegar a 100 mil dólares, especialmente em países que aplicam pena de morte para crimes relacionados ao tráfico.
Historicamente, os principais pontos de apreensão de drogas no Brasil concentram-se nos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR), onde até mil toneladas de cocaína são frequentemente descobertas em contêineres anualmente. No entanto, com o aumento das fiscalizações nesses locais, organizações criminosas têm diversificado suas rotas e ampliado suas operações na vasta rede de rios da Amazônia, que conecta o Brasil a países produtores de drogas como Colômbia e Peru.
A tática de esconder drogas em compartimentos externos dos navios, logo abaixo da linha d’água, teve origem no porto de Santos. Profissionais especializados, conhecidos como “aquaman”, são contratados por facções criminosas e podem receber até R$ 200 mil por operação para instalar ou remover esses carregamentos clandestinos. Dentre os envolvidos nesse esquema, destaca-se um traficante conhecido como Keko, apontado como responsável por coordenar mergulhadores que aguardam autorização para embarcar em embarcações que permanecem entre Santos e Guarujá.
Procurado há pelo menos seis anos, Keko continua foragido. Registros anteriores da Polícia Federal indicam operações semelhantes em portos do Paraná, Espírito Santo e Rio de Janeiro. No litoral paulista, investigações revelaram o uso da “ilha da cocaína”, um ponto de apoio localizado no Guarujá, onde cargas ilegais aguardavam transferência para embarcações com destino internacional.
As investigações referentes à carga apreendida em Barcarena permanecem em andamento, sem a ocorrência de prisões relacionadas à operação até o momento, embora o caso continue sendo alvo de diligências pelas autoridades.