Celso Sabino anuncia sua saída do Ministério do Turismo após orientação partidária

O ministro do Turismo, Celso Sabino, confirmou sua intenção de deixar o cargo ministériel após receber instruções do seu partido, o União Brasil. A declaração foi feita nesta sexta-feira (26), durante uma coletiva de imprensa.

Em sua fala, Sabino destacou que entregou formalmente sua carta de demissão, atendendo às orientações do partido. Ele afirmou: "O presidente pediu que eu o acompanhasse nesta missão na próxima quinta-feira e assim farei [...] Ainda mantenho o cargo de ministro".

Durante o diálogo, o ministro reforçou que continuará negociando com a liderança de sua legenda, apresentando as razões que justificaram sua decisão e mantendo o diálogo aberto.

Na semana passada, como reportado pela CNN, Celso Sabino já tinha conversado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para comunicar sua intenção de deixar o Ministério, embora ainda não tivesse feito o anúncio oficial. Na última quinta-feira (18), o União Brasil estabeleceu um prazo de 24 horas para que seus integrantes nomeados para cargos no governo deixassem seus postos, sob risco de praticar infidelidade partidária.

A determinação foi formalizada por meio de uma resolução assinada pelo presidente nacional da sigla, Antônio Rueda. Antes de sua saída, Sabino era o único filiado ao União Brasil que permanecia em uma posição de destaque na administração petista. Segundo informações do analista da CNN Caio Junqueira, o ministro chegou a negociar uma licença partidária para se afastar temporariamente do União Brasil, o que permitiria que permanecesse no cargo até 3 de abril de 2026, data limite para desincompatibilização, a fim de concorrer ao Senado pelo Pará.

Essa negociação, no entanto, foi substituída pelo entendimento de que sua saída seria definitiva. O próprio União Brasil anunciou oficialmente seu ultimato na mesma ocasião em que manifestou "irrestrita solidariedade" ao presidente do partido, Antônio Rueda, após ele passar a ser alvo de investigações da Polícia Federal. As investigações apontam uma possível infiltração do Primeiro Comando Capital (PCC) nos setores financeiros e de combustíveis do Brasil.

A nota do partido expressou surpresa diante das informações, ressaltando que a decisão de afastar filiados de cargos no governo Lula foi legítima, democrática e amplamente discutida, apesar de as notícias terem vindo a público dias após a medida. Desde o início de setembro, o União Brasil e o Progressistas (PP) deram um prazo de 30 dias para que seus ministros e filiados deixassem as posições governamentais. Essa decisão também impacta o ministro André Fufuca, que lidera o Ministério do Esporte e é filiado ao PP.

Desde agosto, as duas siglas formam uma federação partidária, atualmente composta por 108 deputados federais e 14 senadores, tornando-se a maior bancada na Câmara dos Deputados e a segunda maior no Senado Federal. Quanto à trajetória de Celso Sabino, natural de Belém, ele é formado em administração e direito. Abandonou seu segundo mandato consecutivo de deputado federal para assumir o Ministério do Turismo. Sua militância política inclui passagens por quatro partidos diferentes: antes de ingressar no União Brasil, foi filiado ao Progressistas (2001-2009), também integrou o Partido da República (PR), atual Partido Liberal (PL), além de ter passado pelo PSDB e pelo PSL, que posteriormente se fundiu ao Democratas, formando o atual União Brasil.