De acordo com a agência estatal de notícias IRNA, o governo iraniano anunciou nesta sexta-feira (26) um investimento de 25 bilhões de dólares em um pacto com Moscou para desenvolver quatro unidades nucleares adicionais na parte meridional do Irã.
A mídia local revelou que as instalações de terceira geração, consideradas de tecnologia avançada, serão edificadas na cidade costeira de Sirik, situada na província de Hormozgan, com suporte da corporação estatal russa Rosatom.
Esta mesma empresa é responsável por exportar urânio enriquecido e por construir usinas ao redor do mundo. Na última quarta-feira (24), a Rosatom comunicou a assinatura de um memorando com o Irã, no qual acordou a elaboração de 'pequenas usinas nucleares', embora detalhes específicos ainda não tenham sido divulgados.
Este documento foi selado durante a conferência anual da Semana Atômica Mundial, realizada em Moscou. Uma data definitiva para o início e conclusão do projeto ainda não foi estabelecida. O chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, Mohammed Eslami, comentou nesta semana, em evento na capital russa, que o projeto vem sendo desenvolvido há dois anos e que nos próximos dias deverá avançar para a fase de contratos e projetos.
Ele ressaltou ainda que a iniciativa representará uma geração de 5 mil megawatts de energia nuclear, suficiente para abastecer milhões de residências, especialmente num contexto de frequentes crises de eletricidade no país.
O Irã já opera uma usina em Bushehr, também construída pela Rússia, que gera mil megawatts de energia. Este avanço ocorre após um período de tensão, marcado por ataques de Israel, com o apoio dos Estados Unidos, ao programa nuclear iraniano. Mesmo com os ataques de junho, que atingiram instalações desconhecidas em sua extensão de danos, Teerã reforça que não busca desenvolver armas nucleares e que seu programa é exclusivamente pacífico.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que a operação de junho atingiu o núcleo do projeto de armamento do Irã. Entretanto, avaliações internacionais, incluindo as de agências de inteligência dos EUA, indicam que o programa nuclear do Irã ainda não está equipado com armas.
O governo iraniano insiste na não intenção de fabricar bombas nucleares, destacando a perseverança de seus especialistas ao longo de cinquenta anos, que transformaram o país numa potência tecnológica na área. Apesar das sanções impostas pelos EUA e alguns países europeus, como Reino Unido, França e Alemanha, o Irã conquistou posições relevantes na indústria nuclear e tecnológica.
Os três países acusam Teerã de descumprir o acordo nuclear de 2015, o que pode culminar na reinstalação de sanções das Nações Unidas antes do próximo domingo, caso negociações não avancem. Na Assembleia Geral da ONU, o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, reafirmou a postura do país, assegurando que Teerã não tem intenção de fabricar armas nucleares.
"Reitero, perante esta assembleia, que o Irã nunca buscou, nem buscará, desenvolver armas nucleares. Nosso programa é exclusivamente para fins civis", declarou Pezeshkian. Os Estados Unidos, aliados europeus e Israel alegam que o programa iraniano disfarça esforços para adquirir capacidades bélicas, contudo, o Irã insiste que sua energia nuclear é de uso pacífico.