26/09/2025 06:53:17

Acidente
26/09/2025 05:00:00

Operação de Grande Escala Desarticula Organização Criminosa e Ativos Valiosos no Litoral Alagoano

A iniciativa conjunta resultou na apreensão de bens estimados em quase R$ 4 milhões ligados a uma organização ligada ao tráfico de drogas

Operação de Grande Escala Desarticula Organização Criminosa e Ativos Valiosos no Litoral Alagoano

Na quarta-feira (24), uma propriedade de alto padrão à beira-mar, situada na Praia do Patacho, em Porto de Pedras, no Norte de Alagoas, foi decretada como indisponível em uma ação denominada Operação Fidelis, coordenada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

O imóvel, avaliado em cerca de R$ 3,9 milhões, tinha suspeitas de origem ilegal, relacionadas ao comércio de drogas, e teve sua propriedade bloqueada por decisão judicial, que determinou sua indisponibilidade.

A operação, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), contou com o apoio de equipes policiais do Amazonas e da Polícia Civil, tendo como objetivo principal desmantelar atividades de lavagem de dinheiro vinculadas à organização criminosa Família Teófilo Otoni (FTO), associada ao Comando Vermelho (CV).

Durante uma coletiva realizada na manhã do dia 25, a major Layla Brunnela, dirigente do Centro de Comunicação Social da PMMG, detalhou que uma investigação de 18 meses resultou na coleta de diversas informações que, ao serem cruzadas, indicam uma ligação entre uma organização aparentemente local e o CV.

Ela também comentou o significado do nome atribuído à operação, Fidelis. "Um dos aspectos do crime organizado é a dominação de territórios e comunidades. Assim, o nome simboliza a fidelidade dos guardiões às áreas sob seu controle, reforçando que as instituições públicas são as verdadeiras defensores do território mineiro", declarou.

Na reunião com a imprensa, também participaram o procurador-geral de Justiça, Paulo de Tarso Morais Filho; o vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões; o promotor de Justiça Giovani Avelar, responsável pelo Gaeco; e o coronel Maurício José de Oliveira, comandante do Estado-Maior da PMMG.

As investigações revelaram que a FTO mantém uma estrutura empresarial, com setores voltados à logística, finanças e operações armadas, incluindo uso de fuzis e fardas policiais durante execuções de rivais, aumentando o número de vítimas e propagando o medo na população.

Relatórios de inteligência financeira indicaram que, em menos de um mês, a organização teria adquirido aproximadamente R$ 8,4 milhões em drogas, oriundas de fornecedores do CV operando no Amazonas. O dinheiro ilícito era lavado por meio de empresas de fachada nos setores de gás liquefeito, tecnologia, câmbio e, especialmente, comércio atacadista de pescados.

Dados de inteligência financeira apontam que essas firmas movimentavam cerca de R$ 25 milhões ao ano, com depósitos dispersos por diferentes regiões do país, incluindo Teófilo Otoni e Belo Horizonte, pontos de atuação da FTO. Uma análise aprofundada mostrou a realização de depósitos fragmentados de R$ 2,3 milhões em apenas uma semana, prática conhecida como smurfing, que dificulta a identificação de operações suspeitas.

A promotora Ana Bárbara Canedo Oliveira, do Gaeco de Governador Valadares, destacou que a operação revelou a estrutura do CV, atuando como uma rede de distribuição de drogas, abastecendo diversas facções em diferentes estados.

“Empresas fantasmas na Amazônia funcionavam como centros nacionais de aquisição de drogas, recebendo fundos de regiões como Goiás, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, São Paulo e Acre, realizando transferências rápidas através de criptoativos”, ela explicou.

Nos últimos 12 meses, as forças de investigação focaram na atuação da FTO em Minas Gerais, resultando na apreensão de 26 armas, incluindo quatro fuzis e uma espingarda calibre 12; na prisão de 23 membros do grupo e na apreensão de várias drogas, incluindo uma carga de 300 quilos de maconha em uma única operação.

“A Operação Fidelis representa um avanço significativo na estratégia de sufocar financeiramente as organizações criminosas. Ao estabelecer a conexão entre a FTO e o CV, evidenciamos uma estrutura violenta, bem organizada e cada vez mais robusta financeiramente”, afirmou a promotora.

Apesar das ações de congelamento de bens, a utilização de moedas digitais, como bitcoins, para movimentar recursos ilícitos apresenta um desafio crescente. O Gaeco alerta que a falta de regulamentação adequada facilita a atuação do crime organizado no universo digital, transformando os criptoativos em uma ferramenta financeira do Comando Vermelho.