25/09/2025 22:52:41

Especial
25/09/2025 18:00:00

Primeira Colocação da Saúde Mental na Agenda da ONU: Um Marco Histórico

Reunião de alto nível destaca a importância de ações globais para o bem-estar emocional, conectando condições físicas e suas influências mentais

Primeira Colocação da Saúde Mental na Agenda da ONU: Um Marco Histórico

Em um avanço inédito, a questão da saúde mental assumirá protagonismo na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, nesta quinta-feira, 25 de setembro.

Essa iniciativa visa mobilizar líderes internacionais a firmar compromissos concretos de suporte às pessoas afetadas por transtornos mentais. A reunião de alto nível abordará especificamente a prevenção, o controle e a intervenção em doenças não transmissíveis (DNTs), como doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e enfermidades respiratórias crônicas, que continuam liderando as estatísticas de mortalidade e incapacidade globalmente.

Dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que atualmente mais de 1 bilhão de indivíduos enfrentam alguma condição de saúde mental, sendo que apenas 9% deles recebem assistência adequada. Além disso, apenas 40% das pessoas com psicose têm acesso ao tratamento necessário.

A diretora interina da divisão de Doenças Não Transmissíveis e Saúde Mental da OMS, Devora Kestel, destacou a relevância desse marco, afirmando que essa é a primeira vez que há uma evidência estatística consolidada de mais de um bilhão de pessoas com problemas emocionais ou psicológicos.

Ela reforçou que o desenvolvimento de sistemas de cuidado mais acessíveis e eficientes é uma prioridade, especialmente para ampliar o apoio às mulheres e jovens, que representam os grupos mais vulneráveis frente às questões de saúde mental. Mesmo quando os serviços estão disponíveis, obstáculos como custos, localização e a ausência de integração com outras redes de assistência dificultam o acesso.

O estigma social também desempenha papel importante ao desencorajar indivíduos a buscar ajuda. A declaração política que será adotada no evento busca incentivar o intercâmbio de conhecimentos e ampliar os investimentos em programas de saúde mental, além de focar em temas específicos, como a atenção a crianças e jovens, estratégias de prevenção ao suicídio e o fortalecimento de serviços comunitários. Segundo a OMS, fatores como o uso de tabaco, consumo nocivo de álcool, sedentarismo, dietas pouco saudáveis e a poluição atmosférica são principais responsáveis pela incidência de DNTs.

O acesso limitado a diagnósticos e tratamentos contribui de forma significativa para o cenário atual. Kestel apontou que as ações de promoção de hábitos de vida mais saudáveis também beneficiam o combate às doenças mentais, ressaltando a importância de medidas que incentivem atividades físicas, alimentação equilibrada e a redução do consumo de produtos nocivos.

A especialista fez um apelo aos governantes, ressaltando que é momento de ações decisivas e de implementação de mecanismos que garantam o acesso universal ao cuidado em saúde mental. Ela afirmou que a reunião representa uma oportunidade de consolidar um compromisso global efetivo, que possa transformar a assistência em saúde mental em uma prioridade acessível para todos.

A proposta de uma nova política global inclui prioridades como a universalização do acesso a serviços básicos de prevenção, diagnóstico e tratamento, além de assegurar medicamentos e tecnologias de alta qualidade. A iniciativa também busca garantir financiamento sustentável, especialmente para países de baixa e média renda.

O documento enfatiza a importância de reconhecer fatores de risco comuns entre doenças físicas e mentais, promovendo maior inclusão das pessoas que vivem com esses transtornos. Além disso, reforça a necessidade de ações intersetoriais que envolvam saúde, nutrição, meio ambiente, legislação e economia.

Para combater externalidades adversas, o plano propõe ações contra a poluição do ar, o marketing de alimentos não saudáveis, a promoção do tabaco e as condições socioeconômicas desfavoráveis. Kestel concluiu destacando que a mobilização global é essencial para transformar as promessas em resultados concretos, incentivando uma maior conscientização mundial sobre a importância de cuidados acessíveis e justos em saúde mental, que possam ser implementados em qualquer parte do planeta.