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Educação
15/09/2025 11:00:00

Pesquisa revela melhorias nas escolas após restrição ao uso de celulares pelos estudantes

Mais atenção em sala e redução do bullying virtual são destacados entre os avanços, embora desafios persistam

Pesquisa revela melhorias nas escolas após restrição ao uso de celulares pelos estudantes

Uma análise conduzida pela Frente Parlamentar Mista da Educação, em colaboração com o projeto Equidade.info, uma iniciativa do Lemann Center na Stanford Graduate School of Education, apontou que 83% dos estudantes brasileiros têm demonstrado maior concentração durante as aulas após a implementação da proibição do uso de telefones celulares nas salas de aula.

O impacto positivo é mais evidenciado nos primeiros anos do Ensino Fundamental I, onde 88% dos alunos afirmam estar mais atentos, enquanto no Ensino Médio, 70% notaram melhorias na atenção devido à ausência dos dispositivos móveis. O levantamento também indica que 77% dos responsáveis pela gestão escolar e 65% dos docentes observaram uma redução no bullying virtual dentro das instituições de ensino.

Ainda assim, apenas 41% dos estudantes relataram perceber essa mudança, levantando a hipótese de que parte dos conflitos ainda não seja totalmente reportada ou reconhecida pelos professores e diretores.

Além disso, 44% dos alunos relataram sentir maior tédio durante os intervalos e recreios, com os índices mais elevados entre estudantes do Ensino Fundamental I (47%) e na sessão matutina (46%).

Os docentes também apontaram um aumento na ansiedade entre os alunos ligado à ausência do uso do celular, com 49% relatando esse fenômeno. Regiões do país apresentam resultados diferenciados, sendo o Nordeste a que registra a maior evolução com 87% dos avanços positivos.

Por outro lado, as áreas do Centro-Oeste e do Sudeste apresentam menores melhorias, com 82% de eficácia nas ações adotadas, indicando que os fatores regionais influenciam os resultados.

O presidente da Frente Parlamentar, deputado Rafael Brito, afirmou que bloquear o acesso a celulares em sala de aula é uma medida que promove um ambiente mais saudável e centrado na aprendizagem.

Ele acrescentou: “Os dados de hoje reforçam que investir em educação deve ser prioridade, com políticas que cuidem do presente e preparem o futuro dos jovens.” Claudia Costin, líder do Equidade.info, destacou que, embora o estudo demonstre avanços na atenção e foco dos estudantes, problemas como ansiedade, tédio e bullying ainda são bastante presentes, indicando que o caminho para melhorias ainda requer esforços contínuos.

Ela reforçou: “Embora tenhamos observado uma redução significativa no bullying virtual pelos gestores escolares, é fundamental escutarmos os estudantes para compreenderem completamente a extensão do problema.

A restrição ao uso do celular foi positiva, mas não pode ser a única estratégia; as escolas devem criar alternativas de interação e estratégias específicas para cada faixa etária.” Guilherme Lichand, coordenador do Equidade.info e pesquisador da Stanford Graduate School of Education, reforçou que os resultados evidenciam a importância de estratégias diferenciadas de acordo com a faixa etária e a rede de ensino, além de práticas pedagógicas que mantenham os estudantes engajados e promovam seu bem-estar, mesmo sem o uso de celulares em sala.

Ele explicou: “Limitar o uso de celulares trouxe benefícios ao aprendizado, e a nova legislação oferece uma oportunidade para repensar a relação entre escola e alunos. O próximo objetivo é assegurar que a aplicação da lei seja efetiva em todos os contextos escolares, respeitando suas particularidades, para que a medida seja consolidada como uma política duradoura que combine desempenho acadêmico e o bem-estar dos alunos

.” A legislação que proibiu o uso de celulares pelos estudantes nas instituições de ensino foi sancionada em janeiro de 2025, após aprovação no Congresso Nacional. A pesquisa contou com a participação de 2.840 alunos, 348 professores e 201 gestores de escolas públicas municipais, estaduais e privadas de todas as regiões brasileiras, realizadas entre maio e julho de 2025, buscando compreender os efeitos das novas normas em diferentes contextos escolares.