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Educação
25/09/2025 12:00:00

Iniciativa Nacional promove a inclusão de doações de órgãos no currículo de faculdades de saúde

Evento em Porto Alegre visa tornar obrigatória a abordagem sobre transplantes em universidades brasileiras

Iniciativa Nacional promove a inclusão de doações de órgãos no currículo de faculdades de saúde

Embora o Brasil esteja entre os principais países no mundo no número de procedimentos de transplante de órgãos, a formação de profissionais de saúde ainda negligencia esse tema.

Com o objetivo de alterar essa realidade, será lançado nesta quinta-feira (25), às 19h, na Fundação Ecarta, em Porto Alegre, o Movimento Nacional pela Integração dos Conteúdos de Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos nos Cursos de Saúde. A iniciativa nasce da parceria entre a Fundação Ecarta, por meio do projeto Cultura Doadora, e o Coletivo de Ligas Acadêmicas de Transplantes do Rio Grande do Sul.

A união de estudantes, docentes, profissionais de saúde e organizações civis visa pressionar instituições de ensino superior a incluírem obrigatoriamente tópicos relacionados à doação e transplantes em cursos de Medicina, Enfermagem e áreas correlatas. O evento, aberto ao público, contará com apresentações de pessoas que já passaram por transplantes, além de especialistas e representantes de diversas entidades do setor.

Durante a programação, haverá participação por videoconferência de figuras como Patrícia Freire, presidente do Sistema Nacional de Transplantes, e Kelly de Araújo, presidenta da Sociedade Brasileira de Queimaduras. Segundo Marcos Fuhr, diretor da Fundação Ecarta, a ausência de uma formação específica sobre o tema prejudica o avanço das doações no país.

“Muitos profissionais concluem seus estudos sem conhecimentos aprofundados sobre protocolos, legislação e as complexidades do processo de doação, o que reflete diretamente nas taxas de transplantes”, explica.

O movimento é uma consequência do projeto '+ Doação e Transplante nos Currículos de Saúde', iniciado em 2021. A proposta ganhou força após encontros com as ligas acadêmicas de sete universidades gaúchas, que evidenciaram a quase inexistência do tema em seus currículos.

De acordo com Maria Antônia Saldanha, estudante da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), o objetivo é garantir que as instituições de ensino abordem o assunto de diferentes formas, seja por disciplinas, seminários, aulas magna ou atividades de extensão.

“O importante é que o tema seja contemplado dentro dos cursos”, destaca. Atualmente, apenas quatro universidades no Rio Grande do Sul oferecem disciplinas específicas sobre transplantes: a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), a Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Mesmo assim, mais de 80 mil pessoas aguardam órgãos no país, enquanto aproximadamente 40% das famílias rejeitam a doação, muitas vezes por falta de preparo na abordagem feita por profissionais de saúde. O médico especialista em transplantes e professor da Unisinos, Spencer Camargo, ressalta que o desafio vai além do ambiente hospitalar.

“O sucesso do transplante depende ativamente da participação da sociedade. Discutir o tema nas universidades é uma estratégia fundamental para ampliar esse engajamento”, afirma.