De janeiro até o momento, as forças de segurança de Alagoas já apreenderam uma quantidade de drogas superior a duas toneladas, um aumento em relação ao total registrado em todo o ano passado.
A soma das apreensões realizadas pelos órgãos policiais indica que, nos primeiros nove meses de 2025, a quantidade de drogas removidas de circulação ultrapassa em 200 kg o total de 2024. Recentemente, uma ação policial resultou na interceptação de uma van próxima ao município de São Sebastião, localizado no agreste do estado, carregando 500 kg de maconha distribuídos em aproximadamente 900 tabletes.
O motorista do veículo foi detido durante a operação, que também revelou a presença de medicamentos e aparelhos elétricos relacionados à distribuição de energia, sem documentação fiscal, que foram confiscados. A Secretaria de Segurança Pública de Alagoas (SSP/AL) está monitorando de perto as atividades do tráfico de drogas na região, buscando determinar se o estado faz parte de uma rota internacional para o transporte de entorpecentes.
Segundo informações oficiais, a droga interceptada na operação vinha da Bahia, e o destino final ainda está sob investigação. A apreensão contou com o apoio da Polícia Rodoviária Federal e da Companhia Fazendária (CiaFaz), reforçando o esforço de combate às ações ilícitas. Durante a operação, também foram encontradas etiquetas de um salmo bíblico – o Salmo 91 – coladas aos cerca de 900 tabletes de maconha, possivelmente como forma de mensagens simbólicas ou de proteção por parte dos traficantes.
Os produtos apreendidos ainda incluíam medicamentos e componentes eletrônicos utilizados em sistemas de distribuição de energia, ambos sem nota fiscal, o que gerou suspeitas de fraude fiscal, resultando na emissão de um Termo de Averiguação estimado em R$ 50 mil. Os itens foram encaminhados à CiaFaz, que conduz as providências legais cabíveis.
Na coletiva de imprensa realizada na sede da SSP/AL, o coronel Patrick Madeiro, secretário executivo da pasta, revelou que a van interceptada já havia feito essa rota pelo menos três vezes desde meados de julho. A droga, cujo transporte originou-se na Bahia, tinha como destino provável a cidade de Maceió, mas essa informação ainda está sendo averiguada.
A operação também contou com a participação do coronel Paulo Amorim, comandante da Polícia Militar, além de outros representantes das forças de segurança do estado. Conforme as investigações, a carga havia sido emitida em São Paulo com destino a Sergipe, porém, a rota divergente para Maceió levantou suspeitas de possível adulteração fiscal, o que motivou a realização de inspeções mais detalhadas. Durante a vistoria, os agentes enfrentaram resistência por parte dos ocupantes, o que levou à abertura de uma revisão minuciosa na carga.
Além das caixas de mercadorias sem documentação, foram encontrados os 500 kg de maconha com etiquetas do Salmo 91, reforçando a suspeita de mensagem subliminar por parte dos criminosos. Segundo o secretário especial da Receita Estadual, Francisco Suruagy, a operação foi possibilitada pelo programa Trânsito Inteligente, que utiliza tecnologias avançadas de monitoramento, incluindo câmeras, balanços dinâmicos e cruzamento de dados com órgãos federais e estaduais, facilitando ações específicas contra veículos suspeitos.
Ele destacou que a integração dessas ferramentas tem gerado resultados positivos na fiscalização. A ação de Alagoas remete a um episódio no Rio de Janeiro, onde traficantes ligados ao Terceiro Comando Puro (TCP), um dos maiores grupos criminosos da cidade, usaram a mesma estratégia ao marcar drogas com símbolos religiosos como “Estrela de Davi”.
Esses produtos eram ligados aos membros da “Tropa de Aarão”, uma facção que controla o tráfico no Complexo de Israel, cujo líderes possuem fortes convicções evangélicas. Tais marcas já foram encontradas também nos estados do Ceará e Bahia, indicando uma prática comum entre traficantes que associam suas atividades ilícitas a elementos religiosos.