Investigação revela relação suspeita entre assessor de senador e operador de fraudes no INSS

No contexto de uma investigação que aponta irregularidades na gestão de recursos do INSS, foi descoberto que Gustavo Gaspar Gaspar, reconhecido como aliado próximo do senador Weverton (PDT-MA), concedeu poderes a Rubens Oliveira Costa, conhecido como o 'homem da mala', apontado pela Polícia Federal como o intermediário do lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, o 'Careca do INSS'.

O documento, obtido pela coluna, autoriza Oliveira a administrar recursos financeiros da GM Gestão Ltda, empresa de Gaspar, permitindo-lhe movimentar, sacar e realizar operações bancárias diversas, incluindo abertura e encerramento de contas, além de emitir e endossar cheques.

Esse documento foi protocolado no Cartório JK, em Brasília, no dia 12 de março de 2025. Pouco mais de um mês após essa assinatura, a Polícia Federal iniciou a primeira fase da operação 'Sem Desconto', que investiga um esquema bilionário de fraudes contra aposentados do INSS. Posteriormente, o inquérito foi enviado ao Supremo Tribunal Federal, devido à participação de políticos com foro privilegiado.

Gustavo Gaspar é considerado como uma peça chave para o esquema de corrupção, atuando como braço direito do senador Weverton. Entre 2019 e 2023, Gaspar trabalhou como assessor do parlamentar maranhense, lotado na liderança do PDT no Senado, recebendo um salário de R$ 17,2 mil. Segundo informações, Gaspar foi exonerado após o jornal 'O Estado de S. Paulo' revelar sua condição de funcionário fantasma na Casa.

Já Rubens Oliveira é apontado como um facilitador para a movimentação ilícita de valores ligados às fraudes do INSS. A Polícia Federal o descreve no inquérito como o intermediário principal entre o 'Careca do INSS' e os recursos ilegais, sendo considerado uma figura central na operação que envolve descontos indevidos.

O documento de procuração, formalizado no Cartório JK, concede amplos poderes a Oliveira para representar Gaspar perante instituições financeiras, permitindo a abertura, movimentação e encerramento de contas, além de autorizar a assinatura de contratos com entidades públicas, privadas e órgãos do governo.

Em nota, a defesa de Oliveira, representada pelo advogado Bernardo Simões Coelho, afirmou que seu cliente nunca participou de pagamentos ilegais ou movimentações suspeitas. Segundo a nota, Oliveira atua como consultor empresarial e foi contratado por Gaspar por um período breve, tendo mantido uma relação estritamente profissional com o ex-assessor de Weverton. A defesa também negou qualquer vínculo ou conhecimento do senador.

Até o momento, nem Weverton nem Gaspar emitiram comentários sobre as revelações. Os procurados não responderam às tentativas de contato.

Além disso, há suspeitas de que o senador Weverton tenha influenciado na nomeação de um diretor do INSS, cuja gestão teria facilitado uma série de fraudes no órgão. Weverton admitiu ter recebido Antonio Antunes em seu gabinete, porém alegou que a visita tratava de negócios relacionados ao mercado de cannabis, já que Antunes possui uma empresa nesse setor chamada World Cann.