Na manhã deste domingo (21), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inicia sua jornada rumo a Nova York, onde estará presente na 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, marcada para ocorrer entre os dias 22 e 24 de setembro.
Tradicionalmente, o Brasil abre os discursos do evento, na manhã de terça-feira (23), seguido pelos Estados Unidos, conforme apuração da CNN. O discurso de Lula, segundo informações, terá como ênfase a preservação da soberania nacional, a promoção da democracia e o sustentáculo do multilateralismo.
O tema central desta edição da assembleia é “Melhor Juntos: 80 anos e mais pela paz, desenvolvimento e direitos humanos”. A visita ocorre em um momento de tensão diplomática entre Brasília e Washington, motivada por tarifas e sanções impostas pelos Estados Unidos desde a administração Trump.
Desde 6 de agosto, uma tarifa de 50% foi aplicada a diversos produtos brasileiros exportados para os EUA. Além disso, o governo norte-americano colocou o ministro do STF, Alexandre de Moraes, na lista de sancionados sob a Lei Magnitsky, que busca impor restrições financeiras a indivíduos considerados violadores de direitos humanos. Tais medidas justificam-se, entre outros motivos, pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo STF por tentativa de golpe de Estado — Moraes é relator do processo. Apesar das dificuldades de obtenção de vistos, Lula conseguiu a documentação necessária para ingressar nos EUA, ao contrário do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que foi autorizado a viajar, mas com restrições de circulação próximas ao hotel e à sede da ONU em Nova York.
Padilha, que tinha planos de participar de uma reunião da Opas em Washington, desistiu de sua viagem devido às limitações impostas. Nos últimos dias, também houve restrições de vistos a dois brasileiros envolvidos na parceria com Cuba no programa Mais Médicos, criado durante o governo Dilma Rousseff em 2013, sob coordenação do Ministério da Saúde sob gestão de Padilha.
A primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, conhecida como Janja, já desembarcou em solo americano na última quinta-feira (18), para participar de compromissos relacionados à COP30. Enquanto isso, Lula chega a Nova York com o objetivo de acompanhar a Semana do Clima, evento preparatório para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025, que será realizada em Belém.
Na segunda-feira (22), Lula também estará em eventos voltados à causa palestina e acompanhará as discussões sobre o clima. Na quarta-feira, ele se juntará a representantes de aproximadamente 30 países no evento “Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo”, realizado na cidade de Nova York.
Diferentemente do ano passado, quando o governo americano, sob a gestão de Joe Biden, enviou um representante ao evento, desta vez, os Estados Unidos não foram convidados. A decisão de excluir Washington foi tomada em conjunto por Lula, o Chile, a Espanha, a Colômbia e o Uruguai, considerando as tensões diplomáticas atuais.
Segundo fontes do governo brasileiro, o convite aos americanos teria sido visto como uma contradição diante do clima hostil e das ações recentes dos EUA, que não condizem com o propósito de fortalecer a articulação global contra o extremismo e promover o diálogo internacional.