As fábricas situadas na Europa estão passando por paralisações causadas pelas restrições impostas pela China na exportação de terras raras, essenciais para várias tecnologias de ponta.
Apesar do aumento geral nas exportações chinesas, empresas europeias enfrentam dificuldades na obtenção de certificações necessárias para continuar suas atividades, segundo informações divulgadas pela Câmara de Comércio da UE na China. De acordo com dados do Bloomberg News, relatos indicam que sete unidades industriais europeias interromperam suas operações em agosto devido à escassez de minerais estratégicos, com outras 46 aguardando aprovação para funcionamento neste mês, embora detalhes sobre o impacto ou localização dessas instalações não tenham sido especificados. Em coletiva de imprensa realizada na cidade de Xangai, Carlo D’Andrea, vice-presidente da Câmara e líder da seção local, afirmou que o principal entrave é a lentidão na liberação dessas licenças.
“Observamos movimentos, mas eles acontecem de forma extremamente devagar”, afirmou. Em relação às perspectivas, ele destacou que o maior desafio das empresas europeias atualmente é o gargalo na cadeia de fornecimento causado pelas restrições chinesas. A crise evidencia as consequências da disputa comercial entre Estados Unidos e China, que, apesar de um recente sinal de retomo ao diálogo — como o telefonema entre os líderes Donald Trump e Xi Jinping realizado na sexta-feira passada —, continua afetando mercados globais.
Desde o começo de abril, os fluxos de minerais raros da China sofreram uma severa interrupção após Pequim impor controles sobre suas exportações. Com a China detendo cerca de 90% da produção mundial de ímãs de terras raras, setores como automóveis elétricos e turbinas eólicas têm sentido o impacto direto dessas medidas. Embora o acordo de trégua entre Pequim e Washington tenha elevado as exportações chinesas de terras raras ao maior nível desde 2012, as firmas na Europa relatam dificuldades em obter certificados de exportação, que parecem estar sendo concedidos de maneira desigual.
Algumas empresas conseguem a autorização em poucos dias, enquanto outras aguardam até dois meses ou mais, o que aumenta a preocupação entre os operadores do continente. D’Andrea declarou que as companhias americanas conseguem obter esses certificados com uma rapidez considerável e que o Ministério do Comércio chinês possui mecanismos que poderiam resolver essa discrepância facilmente, mas ainda assim há obstáculos na implementação dessas medidas. A Câmara de Comércio da UE revelou que pelo menos 22 empresas buscaram auxílio para aprovação de 141 pedidos de exportação de minerais raros da China, com outras 10 paralisações previstas até dezembro, além das ocorridas em agosto e setembro.
Os embarques de ímãs de alta performance, utilizados em diversos setores, totalizaram 7.338 toneladas no último mês, de acordo com dados do governo chinês compilados pela Bloomberg.
A autoridade alfandegária da China planeja divulgar na próxima semana uma análise detalhada desses envios de agosto. Historicamente, a União Europeia representa um mercado significativamente maior para os minerais chineses do que os Estados Unidos, com volumes de exportação do primeiro trimestre deste ano três vezes superiores aos do segundo.
A imposição de restrições de exportação pela China, iniciada em abril de 2025, serve como um exemplo claro de como a disputa comercial entre os dois maiores países econômicos do mundo pode gerar efeitos adversos na cadeia global de suprimentos, comprometendo a estabilidade das empresas europeias, conforme relatório divulgado pela Câmara de Comércio da UE nesta semana.