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20/09/2025 10:00:00

Mudanças nas Diretrizes de Pressão Arterial no Brasil: Novo Limite para Pré-Hipertensão

Reclassificação do índice de risco busca identificar precocemente indivíduos vulneráveis a complicações cardiovasculares

Mudanças nas Diretrizes de Pressão Arterial no Brasil: Novo Limite para Pré-Hipertensão

Uma atualização nas orientações médicas elevou o critério que define risco relacionado à pressão arterial no território nacional. Agora, uma pressão arterial sistólica abaixo de 120 mmHg e diastólica inferior a 80 mmHg deixam de indicar pré-hipertensão, de acordo com as novas normas.

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Em São Paulo, nesta quinta-feira (19), durante o 80º Congresso Brasileiro de Cardiologia, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) divulgou uma nova recomendação que altera a faixa de risco do Brasil. A antiga classificação de 12 por 8 passa a ser vista como um alerta, um sinal que demanda atenção especial.

Segundo Andrea Brandão, responsável pela elaboração das diretrizes de hipertensão 2025 da SBC, o propósito não é criar pânico, mas promover ações preventivas. Normas internacionais já consideravam como pré-hipertensão uma pressão que varia entre 12 e 13 por 9 de máxima, e entre 8 e 8 por 9 de mínima.

Ela explica: “Nosso objetivo com essa mudança é rotular indivíduos com pressão de 12 como pré-hipertensos, incentivando-os a adotarem medidas preventivas, evitando a progressão para hipertensão, através de ações não medicamentosas, como evitar fumar, consumir álcool em excesso, manter uma alimentação equilibrada, praticar exercícios físicos, reduzir o consumo de sal e controlar o peso”.

Na nova orientação, os níveis considerados como hipertensão permanecem iguais ou acima de 14 por 9, enquanto o limite para tratar pacientes com a condição é de 13 por 8.

“Outra novidade é que uma pressão arterial abaixo de 13 por 8 passa a ser considerada favorável. Pesquisas recentes indicaram que esse patamar, abaixo de 14 por 9, já oferece proteção, porém quando se atinge valores inferiores a 13 por 8, a redução do risco de complicações aumenta de forma significativa. Assim, essa foi uma meta unificada recomendada para todos os hipertensos”, acrescenta Andrea.

A recomendação é que a aferição da pressão arterial seja realizada anualmente a partir dos três anos de idade, ou ainda antes, em casos de doenças congênitas. Para adolescentes e jovens adultos, a periodicidade também deve ser anual.

Dados mostram que idosos possuem uma maior probabilidade de desenvolver hipertensão. Conforme a especialista, “a partir de 65 anos, entre 60% e 70% dos idosos já apresentam pressão alta. Mulheres após a menopausa e homens a partir de 55 ou 60 anos devem monitorar a pressão com maior frequência. Mesmo sem sintomas ou doenças aparentes, recomenda-se uma medição a cada seis meses. Quando há outras enfermidades em tratamento, a checagem deve ser ainda mais regular”, orienta.

Para adultos e idosos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere um mínimo de 150 a 300 minutos semanais de exercícios moderados, ou de 75 a 150 minutos de atividades intensas. Além disso, recomenda-se o fortalecimento muscular pelo menos duas vezes por semana.

Andrea destaca que no Brasil, cerca de 30% a 32% da população adulta sofre de hipertensão arterial. São milhões de brasileiros que precisarão de medicação contínua e de cuidados diários, pois correm risco elevado de desenvolver complicações cardiovasculares. Ela conclui alertando para a persistência desse cenário por muitos anos, reforçando a importância da atenção à saúde cardiovascular.